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Entre 23h30 de 09/11 e 0h15 de 10/11, cerca de 20 mil pessoas cruzam pacificamente o muro.
A maior parte do século 20 foi marcada pela divisão do mundo em dois blocos: o capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o comunista, encabeçado pela União Soviética.
Cada um deles mantinha países sob sua área de influência política, social, econômica e militar. Das nações ocidentais, a Alemanha foi a que mais sentiu os impactos do tenso abismo político aberto pelas duas potências.
Nele, durante 10.315 dias (pouco mais de 28 anos), desabaram milhões de vidas, sonhos, paixões e esperanças que, hoje, se tornaram mais uma lição da história para jamais ser esquecida.
A queda do Muro de Berlim, que fazia a separação física, completa neste sábado (9) 30 anos. Confira os fatos que marcaram esta divisão.
Ascensão…
1945
Pelo acordo de Potsdam, os vencedores da 2ª Guerra Mundial (EUA, França, Reino Unido e União Soviética) dividem a Alemanha e Berlim em 4 zonas, uma para cada um
1948
A União Soviética, comunista, desentende-se com os três países capitalistas e institui o Bloqueio de Berlim, impedindo o comércio com o lado ocidental da cidade
1949
Nasce a República Democrática Alemã, comunista, sob influência da União Soviética
1952
A Alemanha Oriental ergue cercas com dispositivos de alarme, abre “faixas protetoras” de 500 metros de largura e intensifica o policiamento para prender suspeitos de fuga
1953
Endurecimento político da União Soviética faz com que 875 mil alemães orientais se desloquem para a Alemanha Ocidental em quatro anos
1949-1961
Calcula-se que 3,5 milhões de alemães orientais tenham passado para o lado ocidental nesse período
1961
Na madrugada do dia 13 de agosto, tanques russos tomam conta das ruas e milhares de metros de arame farpado fecham a fronteira entre as duas cidades.
São instaladas torres de segurança e cercas eletrificadas e as conexões de trânsito são bloqueadas. Trabalhadores que haviam saído para trabalhar, de um lado não podem mais voltar para casa do outro lado.
Nas semanas seguintes, o muro de concreto começa a subir
…e queda (em 1989)
• Os planos glasnost (transparência) e perestroika (reconstrução), do líder soviético Mikhail Gorbachev, “contaminam” cidadãos do bloco comunista
• Protestos por liberdade de expressão e de imprensa crescem pelo país
• Hungria (comunista) libera sua fronteira com a Áustria (capitalista)
• 25 mil alemães orientais vão para a vizinha Hungria, fogem para a Áustria e pedem asilo na embaixada da Alemanha Ocidental em Viena
• Em 9 de novembro, durante uma entrevista transmitida na televisão alemã-oriental, uma autoridade soviética anuncia a decisão de Moscou de abolir totalmente as restrições de viagens para o lado ocidental.
O episódio entrou para a história por conta de um mal-entendido. A medida deveria ser implantada gradualmente.
Mas, questionado por um jornalista sobre quando passaria a valer, o porta-voz do governo oriental se atrapalhou e respondeu: “Pelo que sei, ela entra… já, imediatamente”.
O pronunciamento era transmitido ao vivo, o que levou uma multidão aos checkpoints.
O tenente-coronel Harald Jäger ordena, às 22h30, a abertura do ponto de passagem e o fim do controle de passaportes. Entre 23h30 e 0h15, cerca de 20 mil pessoas cruzam pacificamente o muro.
O MURO
O muro era na verdade formado de dois obstáculos, um voltado para o lado ocidental (mais simples), com o topo arredondado, e outro mais difícil, com arame farpado além do muro.
Entre eles, havia uma área chamada de “Faixa da Morte”, que em alguns pontos chegava a ter 100 metros de extensão.
Os checkpoints controlavam a passagem de pessoas. O mais famoso foi o Checkpoint Charlie, por onde podiam passar para o lado comunista estrangeiros e membros das Forças Aliadas.
Já as viagens para o lado Ocidental eram autorizadas sob condições rígidas, demoravam cerca de quatro semanas para sair e custavam caro.
Números
• 155 km
extensão total do muro, que, além de dividir a cidade, também cercava toda a área de Berlim Ocidental
• 4 metros
altura média do muro
• 100 metros
extensão da chamada “faixa da morte”
• 14
checkpoints fiscalizavam o tráfego de pessoas e mercadorias entre os dois lados
• 302
torres de vigilância instaladas ao longo da fronteira entre as duas Alemanhas
• 259
recintos abrigavam cães de guarda
• 12
linhas de trem e metrô interrompidas pela construção do muro
• 193
ruas tiveram trajetos bloqueados ou alterados
• 136
alemães orientais foram mortos tentando passar para o lado ocidental
• 251
viajantes dos dois lados morreram durante a fiscalização na fronteira separada pelo muro, a maioria de ataque cardíaco
• 5.075
fugas bem-sucedidas
Passados 30 anos…
A Alemanha tornou-se o país mais pujante da Europa, porém ainda existem contrastes entre as regiões leste (ex-comunista) e oeste (capitalista).
O PIB per capita do oeste é 33% maior do que o do leste. Em 2018, o salário médio de um funcionário do oeste era de € 3.339 por mês, enquanto no leste era de € 2.600.
Marcas globais, como VW, Siemens e Bayer, ficam sediadas no lado oeste, e sequer uma empresa da Bolsa de Valores de Frankfurt está no leste.
Desde 1991, a população do leste encolheu de 14,6 milhões para 12,6 milhões, enquanto a do oeste cresceu de 65,3 para 69,6 milhões.
O Memorial do Muro de Berlim é uma janela mantida aberta para lembrar a infâmia da Guerra Fria.
East Side Gallery
É o maior trecho do Muro ainda de pé, com 1,3 km de extensão, seguindo as margens do rio Spree.
Criada em 1990, a galeria é formada por 106 grafites e pinturas aplicados na face leste do muro (do lado comunista), a maioria fazendo referência aos acontecimentos políticos da época, quase todos de forma colorida e bem-humorada.
Agora é hora de comemorar!
Até domingo (10), haverá encenações em vários pontos históricos da cidade.
As vítimas da ditadura serão lembradas. Pessoas serão convidadas a se colocarem como um cidadão daquela época para ter uma experiência mais real dos acontecimentos.
Na rota da revolução, berlinenses e turistas de todo o mundo celebrarão a festa da liberdade. No encerramento, a cidade se unirá em uma grande e única comunidade.
Todos os palcos de shows musicais tocarão a mesma música, ao mesmo tempo, a ser entoada por um coro de artistas e espectadores.