Você oferece comida para acalmar seu filho? Cuidado com esse hábito

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 4 de novembro de 2018 às 13:26
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:08
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Segundo pesquisadores, crianças que comem para acabar com tristeza ou raiva podem ter problemas de saúde

Quando seu filho está triste ou
chateado, você costuma alegrá-lo com um sorvete, um hambúrguer ou uma porção de
batatas fritas? Saiba que esse hábito, aparentemente inofensivo, pode ser mais
prejudicial do que você imagina.

Um estudo da Noruega descobriu que
crianças em idade escolar que são facilmente consoladas por comida tinham pais
com maior probabilidade de acalmá-los com comida. Ou seja, os adultos podem
estar, sem querer, incentivando esse hábito. “Se as crianças são
facilmente acalmadas pela comida, estamos mais propensas a alimentá-las porque
elas se sentem melhor, o que, por sua vez, nos faz sentir melhor. Se estamos
acalmando crianças com comida, não é surpreendente que, como crianças mais
velhas e jovens adultos, eles seriam mais propensos a comer quando estão se
sentindo mal”, explicou Jaime Taylor, especialista no Hospital
Beaumont

A nutricionista infantil
Karine Costa Durães, especialista em pediatria pelo Instituto da Criança da
Faculdade de Medicina da USP, explica que a criança também imita os hábitos dos
adultos quanto à alimentação. “Se ela está irritada e ganha comida para ficar
calma, o recado que ela recebe é que pode acalmar as angústias com a
alimentação. E isso fica, de certa forma, memorizado”, disse. Assim,
aumentam as chances de ela recorrer à comida para continuar resolvendo suas
questões e frustrações.

Além do fato de se tornarem adultos que
buscam o consolo para os seus problemas na comida, o pesquisador alerta para a
qualidade do alimento. “Há risco envolvido porque, quando estamos comendo
emocionalmente, com mais frequência vamos àqueles alimentos com calorias
densas, que talvez não comamos o tempo todo, ou que nos façam sentir bem”,
disse. Portanto, entre as consequências, estão o ganho de peso e distúrbios
alimentares.

O que fazer, então?
Taylor sugeriu que, em vez de buscar comida para confortar as crianças, os pais
prefiram propor passeios ou atividades que possam entreter e afastar a mente
dos problemas. Aprender técnicas de respiração ou ouvir música também pode
ajudar.

Segundo o especialista, é
essencial aprender a lidar com as próprias emoções de maneira saudável. “O
trabalho mais importante dos pais ao criarem seus filhos, em todos os aspectos,
é modelar o comportamento que você espera que eles adotem. Então, ajudando-os a
ver que há outras opções além de comer para administrar a maneira como você se
sente”, orientou.

É claro que isso não significar abolir,
por exemplo, o bolo de uma comemoração. O estudo sugere que moderação é
fundamental. “É bom comer bolo, talvez não todos os dias, talvez não
quando você está se sentindo pra baixo. Talvez haja outra habilidade de
enfrentamento. Mas, certamente, usar comida para celebrações tem sido
historicamente algo que fizemos”, concluiu.


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