VINTE E QUATRO HORAS NO AR

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 24 de maio de 2016 às 09:11
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 17:46
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A gente chegava ao estúdio da rádio e lá estava a técnica: duas (ou mais) cartucheiras comerciais para rodar as propagandas em fitas de ¼ de polegada e os dois toca-discos direct-drive, cada um com um disco de vinil e a faixa na ponta da agulha. Enquanto nas emissoras AM o locutor fica de um lado do aquário e o técnico do outro, nas FM o mesmo cidadão dá conta de tudo: faz a locução, a publicidade testemunhal, solta a cartucheira, deixa os discos de vinil no ponto e ainda dedica a música para a ouvinte que pediu! Vinte e quatro horas no ar! Os VU’s, aqueles ponteirinhos bailando ao som cheio de calor e frequências de 20 Hz a 20 kHz, pulam rápido e chegam a zero dB (melhor não passar muito dali ou vem a distorção…).

Vejam esta foto de um estúdio vintage de rádio FM

(fonte http://gabrielpassajou.com/2015/01/)

E aí de repente está todo mundo falando de novo nos discos de vinil!

A Associação Fonográfica Norte-americana (RIAA) diz que a venda de discos de vinil nos Estados Unidos já atinge a um terço das vendas de mídias físicas. Claro que os serviços de assinatura de streaming crescem em proporção muito maior, mas é interessante observar que no Brasil, por exemplo, a venda dos discos de vinil, apesar do alto custo, cresceu entre março e junho de 2015 estonteantes 126%, segundo dados da fábrica nacional Polysom. Nos Estados Unidos, o crescimento já vem em ritmo alto em torno de 30% há pelo menos seis anos e algumas razões são apontadas para isso: Em primeiro lugar ninguém ouve vinil no carro, malhando ou fazendo caminhada, mas ouve em casa e provavelmente é colecionador e prefere as ricas capas dos LPs e o som analógico: é um público nostálgico, mas também jovens que mesmo com o acesso ao mundo digital gostam do som mais quente do vinil.

Em segundo lugar, o vinil virou assim uma espécie de peça de merchandising das bandas e dos artistas: eles lançam seu álbum de todas as formas possíveis na internet e fazem uma tiragem de discos de vinil que vira uma espécie de troféu para se ouvir e guardar.

Os consumidores dos bolachões costumam ser mais exigentes e pagam bem por uma raridade. Sebos e lojas que comercializam o produto têm experimentado bons resultados. O chiadinho característico da agulha dentro dos sulcos vem se tornando mais comum em muitas casas, ele que andava tão sumido desde o advento dos Compact Discs e depois da internet.

Na cola do aumento da procura pelos discos de vinil, veio o aumento no comércio de toca-discos, que tem crescido significativamente.

Mas é realmente muito bom que ainda exista uma convivência pacífica entre a velha e a nova tecnologia para reprodução de músicas. Nossos ouvidos agradecem!

*Esta coluna é semanal e atualizada às segundas-feiras.


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