USP-Ribeirão vai testar efeito do “gás do riso” para tratar a depressão

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 16 de outubro de 2017 às 15:08
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:23
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Nos EUA, estudo semelhante teve bons resultados em 85% dos casos, que espera se repetir aqui

Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da Universidade de São Paulo (USP), estão à procura de voluntários com depressão para um estudo sobre o efeito do óxido nitroso – anestésico conhecido como “gás do riso” – no tratamento da doença. De acordo com assessoria da USP, o teste foi feito com voluntários nos Estados Unidos e apresentou melhora em 85% dos casos.

Segundo Mara Rocha Crisóstomo Guimarães, aluna de psiquiatria da USP que está à frente do projeto, sob a supervisão de professores, para participar dos testes, os voluntários devem estar usando antidepressivos. Além disso, não podem ter doença pulmonar obstrutiva crônica nem dependência de álcool ou drogas ilícitas.

Ainda segundo Mara, os escolhidos vão passar por entrevista, além de oito sessões experimentais duas vezes por semana, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, com duração de três horas cada, ao longo de quatro semanas.

O psiquiatra Paulo Roberto Repsold defende o estudo de métodos não convencionais de tratamento para qualquer tipo de doença. “Não podemos ficar apegados aos métodos convencionais. Se uma novidade foi estudada e apresenta um resultado satisfatório, que ela seja usada e se torne acessível para toda a população”, afirmou.

Repsold alertou que o uso de óxido nitroso para tratar a depressão ainda está em fase de testes, mas que os pacientes podem ter esperança. “É tudo muito novo ainda, mas os resultados norte-americanos nos deixam otimistas. Vamos aguardar”, disse.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), apesar da existência de tratamentos efetivos para a depressão, menos da metade das pessoas afetadas no mundo – e, em alguns países, menos de 10% dos casos – recebe ajuda médica. As barreiras incluem falta de recursos e de profissionais capacitados e o estigma social associado a transtornos mentais, além de falhas no diagnóstico.

ESTATÍSTICAS

Prevalência. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 300 milhões de pessoas de todas as idades sofrem de depressão em todo o mundo.

Crescimento. Ainda segundo a organização, esse número aumentou 18% entre 2005 e 2015.

No Brasil. São 11 milhões de pessoas lutando contra a doença, cerca de 5,8% da população.


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