USP de Ribeirão Preto desenvolve gel para tratamento da periodontite

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 5 de maio de 2019 às 19:31
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:32
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Doença inflama a gengiva, causando sangramentos e pode levar à queda dos dentes

Após 20 anos de
estudos, pesquisadores das faculdades de odontologia e farmácia da USP de
Ribeirão Preto desenvolveram um gel para o tratamento da periodontite, que
inflama a gengiva, causa sangramento e pode levar à queda dos dentes.

Sem cura, a
doença hoje geralmente é tratada por dentistas e clínicos gerais, mas, em
alguns dos casos, é preciso se submeter a consultas periódicas.

A nova
medicação pode tornar a rotina mais fácil para os pacientes, segundo o
professor de odontologia Vinícius Pedrazi, que conduziu o desenvolvimento do
gel. “É muito
difícil você onerar o paciente com várias consultas quando não dá para
controlar só com a higienização. A ideia nossa, a partir de estudos de
pesquisadores de outros países que usei no meu doutorado, era fazer um produto
com ação local, sem ação sistêmica e que não dependesse da dedicação do
paciente para manter o estado de saúde”, diz Pedrazi.

A periodontite
faz surgir um buraco entre a gengiva e os dentes. Com isso, o local se torna
vulnerável à formação da placa bacteriana, que, em estágio avançado, destrói os
tecidos que dão suporte à arcada dentária e pode fazer os dentes caírem.

A doença pode
ainda aumentar o risco de diabetes, causar problemas cardiovasculares,
pneumonia e gastrite.

O gel
desenvolvido na USP não substitui por completo o tratamento convencional, mas
controla melhor a reprodução das bactérias e é mais barato, afirma o professor.
O princípio ativo é um antimicrobiano chamado metronidazol, também usado para
tratar infecções em outras partes do corpo.

Assim que
aplicado, o gel se solidifica, devido à temperatura da cavidade bucal, de
aproximadamente 38 graus. Aos poucos, as enzimas presentes na saliva o fazem se
dissolver e liberar o remédio de maneira localizada. “O princípio ativo
dele, o sal, quando colocado dentro desse gel, vai agir só no local doente, sem
ter qualquer tipo de efeito colateral no restante do organismo”, explica.

Em uma das
últimas pesquisas realizadas, 92 pessoas receberam a substância em um dos lados
da gengiva, enquanto outros receberam um composto diferente. No lado em que o
gel foi aplicado, não houve sangramento por seis meses, segundo Pedrazi.

A substância é
utilizada por alunos da USP de Ribeirão Preto em atendimentos a pacientes com
casos severos de periodontite.

O professor
avalia que o resultado tem sido positivo, mas o gel deve demorar de cinco a dez
anos para chegar às clínicas e ao sistema público de saúde, pois outros estudos
estão sendo feitos para deixar o produto mais eficiente. “Estamos pesquisando
alguns outros agentes para colocar com ele para, ao mesmo tempo que matar os
microrganismos, neutralizar as enzimas que provocam a inflamação e induzir
crescimento ósseo”, adiantou o professor.


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