Uso de adoçantes artificiais pode fazer muito mal ao intestino

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 7 de outubro de 2018 às 01:11
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:04
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Substâncias contidas nos produtos interferem no trabalho de bactérias essenciais à digestão

Um estudo publicado na última
semana aponta que os adoçantes mais comuns disponíveis no mercado podem alterar
a atuação de bactérias presentes no intestino humano, prejudicando o processo
de digestão.

A pesquisa foi uma colaboração
entre as universidades Ben-Gurion, em Israel, e Nanyang Technological
University, em Singapura. “Minha recomendação é não usar adoçantes
artificiais”, afirma Ariel Kushmaro, professor de Biotecnologia Microbial na
Universidade Ben-Gurion e coordenador do estudo, publicado no periódico Molecules.

Sua conclusão acrescenta mais uma
evidência à tese de que os adoçantes, apesar de provavelmente não causarem
câncer, devem ser consumidos com cautela.

Bactérias naturais intoxicadas

Para realizar o estudo, Kushmaro e
sua equipe expuseram várias vezes um tipo especial da bactéria E. coli à
presença de adoçantes comuns, como aspartame, sucralose e sacarina. Os
pesquisadores concluíram que os açúcares artificiais têm um efeito tóxico e
estressante sobre as bactérias, dificultando seu crescimento e reprodução.

Algumas doses de café e soda
adoçadas artificialmente seriam o suficiente para dificultar o processamento de
açúcares e carboidratos pelo organismo, aponta a pesquisa. “Não estamos dizendo
que o adoçante é tóxico para seres humanos”, observa Kushmaro. “Estamos dizendo
que pode ser tóxico para as bactérias do intestino, o que, portanto, nos
influenciaria”.

Consumidores já se afastam de adoçantes

Outras pesquisas recentes também
indicam diferentes riscos no uso constante dessas substâncias. Uma pesquisa com
ratos sugeriu que adoçantes alteram a maneira como o corpo processa gordura e
energia, enquanto outro lado aplicado em humanos levou ao aumento das taxas de
diabetes, obesidade e pressão sanguínea.

Nos Estados Unidos, o consumo dos
tipos mais comuns de adoçantes vem caindo. Consumidores têm preferido o tipo stévia,
adoçante natural extraído de uma planta encontrada na fronteira do Brasil com o
Paraguai, mas que ainda não teve seu uso regulamentado pelo governo americano
porque os pesquisadores também estão cautelosos quanto a seus efeitos no
organismo.

Enquanto não temos conclusões
definitivas, a principal recomendação para quem quer cuidar da saúde é moderar
o consumo de açúcar – de todos os tipos.


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