Usina produzirá biogás a partir de resíduos orgânicos e lodo de esgoto

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 18 de fevereiro de 2018 às 07:17
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:34
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No Brasil, o biogás ainda tem uma participação pequena na matriz energética

Pela
primeira vez, uma usina produzirá energia, no Brasil, a partir da combinação
entre resíduos orgânicos e lodo de esgoto. Nesta semana, a CS Bioenergia,
formada pela estatal Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) e pelo grupo
Cattalini Bio Energia, recebeu Licença de Operação do Instituto Ambiental do
Paraná (IAP) para geração de biogás, no Paraná. A expectativa é que a operação
estimule a adoção da tecnologia em outros estados.

O
processo, conhecido como biodigestão, começa com o recebimento do lodo de
esgoto da estação de tratamento e seu armazenamento em um tanque.
Paralelamente, também são recebidos resíduos sólidos urbanos. Estes passam por
um mecanismo de separação, retirando, por exemplo, os plásticos. Depois, a
fração orgânica é limpa. Só então o material é enviado ao tanque de
biodigestão, onde vai ser adicionado ao lodo.

Diretor
da Cattalini Bio Energia, Sérgio Vidoto, explica que, no Brasil, o lodo de
esgoto contém muitas bactérias. Um problema que, na usina, vira solução. Isto
porque as bactérias se alimentam do material orgânico, produzindo um gás com
grande participação de metano. “Essa é a combinação perfeita para gerar o
biogás de excelente qualidade”, disse Vidoto, um dos responsáveis pela
implantação da tecnologia no país.

A
usina gerará 2,8 megawatts de energia elétrica, o suficiente para abastecer
duas mil residências populares, conforme a CS Bionergia. Para que o biogás
passe a integrar a rede de energia do Paraná, ainda falta a autorização da
Companhia Paranaense de Energia (Copel), o que Vidoto espera obter em cerca de
sessenta dias.

Impacto
ambiental

Ao
todo, 1000 metros cúbicos (m3) de lodo de esgoto e 300 toneladas de resíduos
orgânicos, que eram descartados diariamente no meio ambiente, serão totalmente
aproveitados na usina. Além do biogás, com o que sobra dos resíduos orgânicos
serão produzidos biofertilizantes. Já o plástico que chega à indústria junto
com o lixo será reciclado para a produção de sacolas.

A
inspiração para a mudança nessa cultura veio de países como a Áustria e a
Alemanha, que combinam tecnologias e políticas públicas para promover o
reaproveitamento dos resíduos e, com isso, a quase inutilização de aterros. De
acordo com o Vidoto, existem mais de 14 mil plantas de biogás por meio de
biodigestão na Europa. Apenas na Alemanha, são oito mil. “Está todo mundo
olhando a nossa planta como uma quebra de paradigmas no tratamento de resíduos
orgânicos no Brasil”, disse Vidoto.

De
acordo com ele, até este ano só existiam projetos pilotos que testavam a
tecnologia, mas não uma usina com essa dimensão. Ele espera que “o pioneirismo
quebre esse paradigma de só aterrar”.

No
Brasil, o biogás ainda tem uma participação pequena na matriz energética, por
isso sua participação na oferta interna é contabilizada junto a outros itens,
como o bagaço e a palha da cana, conformando a chamada biomassa. Segundo dados
do Ministério de Minas e Energia, em 2016 a biomassa foi responsável por 8,8%
da energia gerada no país.


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