Autismo: Unicamp cria programa de capacitação voltada à saúde básica

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 20 de abril de 2019 às 18:29
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:30
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Ação busca ampliar rede de cuidado e possibilitar diagnóstico precoce por meio da capacitação de profissionais

Neste mês, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) apresentou o
novo Programa de Atenção em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). A
iniciativa busca ampliar a rede de cuidado e possibilitar o diagnóstico precoce
por meio da capacitação de profissionais da atenção básica de saúde, pediatras
e educadores.

O programa será instalado em uma área de 350 m2 situada ao lado do
Hospital de Clínicas de Campinas.

A unidade será administrada pela Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da
Unicamp. “A ideia do programa não é ser um centro de tratamento, mas de
avaliação de crianças e adolescentes e de capacitação para profissionais, de
modo que esses jovens possam ser tratados nos seus municípios, próximos de
casa”, afirma Renata Cruz Soares de Azevedo, chefe do Departamento de
Psicologia Médica e Psiquiatria da FCM.

Vale destacar que o TEA é considerado um transtorno do neurodesenvolvimento
caracterizado por déficits marcantes na comunicação e na interação social e por
padrões restritos ou repetitivos de comportamento. Estima-se que o transtorno
afete 70 milhões de crianças no mundo.

Capacitação

No Brasil, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) estima que uma em
cada 160 crianças tenha TEA. Um dos objetivos do programa será capacitar os
agentes dos municípios tanto para identificar possíveis casos quanto para
prestar os cuidados necessários.

“Diagnosticar não é patologizar. No autismo, os principais sintomas não
são acessados através do uso de medicação. São as intervenções psicológicas,
comportamentais e educacionais que podem ajudar a criança. Intervenções
precoces têm uma resposta muito melhor, pois o cérebro está em grande
desenvolvimento e tem maior plasticidade. Quanto mais velho o indivíduo, mais
difíceis são essas mudanças”, explica Eloísa Celeri, coordenadora do Setor de
Psiquiatria da Infância e Adolescência do Departamento de Psicologia Médica e
Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM).

Os organizadores pretendem que, com a capacitação dos pediatras e demais
profissionais da atenção básica de saúde, o preenchimento do cartão da criança
do SUS forneça as informações necessárias para o encaminhamento do paciente a
uma avaliação médica mais detalhada.

A capacitação dos municípios pretende, ao mesmo tempo, reduzir o fluxo
para o Hospital de Clínicas da Unicamp e evitar o deslocamento das famílias que
viajam de outros municípios em busca de atendimento.


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