Tomar medicamentos sem controle pode causar perda auditiva irreversível

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 7 de julho de 2018 às 18:04
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:51
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Danos à audição podem ocorrer principalmente com o uso indevido de quase 200 remédios sem prescrição médica

O uso prolongado, em
altas doses, de quase 200 medicamentos, pode provocar tonteira, zumbido e até
perda auditiva. Diuréticos, pílulas anticoncepcionais e antiinflamatórios
consumidos de forma indiscriminada estão entre esses remédios de risco.

Tomar com frequência medicamentos conhecidos como
ototóxicos pode causar lesões graves – algumas vezes irreversíveis – nas partes
do ouvido humano responsáveis pela audição e pelo equilíbrio. Muitos remédios
contém o salicilato de sódio. A aspirina, por exemplo, está entre os
medicamentos ototóxicos mais comuns. Seu consumo é exagerado, até para fins
terapêuticos. Por isso, o melhor é seguir a orientação de um médico.

A fonoaudióloga
Isabela Carvalho, da Telex Soluções Auditivas, alerta para os riscos da
automedicação. “Infelizmente, é comum as pessoas tomarem remédios por conta
própria, influenciadas pela indicação de vizinhos e amigos, o que é perigoso.
As substâncias conhecidas como ototóxicas podem causar lesões graves e, muitas
vezes, irreversíveis à cóclea, a parte do ouvido humano responsável pela audição”,
ressalta.

Mas é importante lembrar que muitos desses remédios
são essenciais no tratamento de doenças. Por isso, o ideal é que, antes do
tratamento, sejam feitos exames para verificar se já existe alguma lesão
auditiva que possa se agravar com o uso do remédio.

Quimioterápicos usados
no tratamento de câncer, antibióticos da família dos aminoglicosídeos – usados
na prevenção e no tratamento de infecções pós-operatórias e até no combate à
tuberculose – além de antineoplásicos e antimaláricos também fazem parte da
lista de remédios que podem acarretar danos à audição. É um dilema enfrentado
pelos médicos.

Bebês prematuros também
correm riscos, já que precisam tomar antibióticos para combater determinadas
infecções respiratórias. “Os recém-nascidos com baixo peso são muito
expostos a infecções e precisam desses remédios, mas é preciso atenção. Hoje o
teste da orelhinha é uma avaliação obrigatória, que é feita logo após o
nascimento do bebê para verificar se ele tem algum dano auditivo”, lembra a fonoaudióloga,
que é especialista em audiologia.

A situação é ainda
pior para aqueles bebês que precisam passar um bom tempo na incubadora, porque,
além dos remédios, eles são prejudicados pelo barulho nas incubadoras, que pode
chegar a até 100 decibéis.

A perda auditiva
causada pelos medicamentos ototóxicos ocorre ainda na infância e pode gerar
problemas na fala e no aprendizado afetando o desenvolvimento infantil como um
todo. “Nesses casos, a perda auditiva é irreversível e o processamento do som
sofre prejuízo. Perde-se a capacidade de perceber com clareza a voz humana, os
sons do ambiente e até a própria voz”, explica Isabela Carvalho.

Os efeitos da
ototoxidade dos remédios são amplos e atingem indivíduos de todas as idades.
Nos ouvidos, esses medicamentos causam uma perda neurossensorial, temporária ou
definitiva, de grau variado (de leve à profunda), de acordo com o remédio, a
dose ingerida e o tempo de tratamento. “Aconselho a quem suspeita de alguma
dificuldade auditiva que procure um médico otorrinolaringologista o mais rápido
possível. A perda auditiva pode ter muitas causas: trauma acústico, infecções,
idade avançada, mas pode ser conseqüência também do uso prolongado de um
medicamento ototóxico”, conclui a fonoaudióloga da Telex.


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