Taxa de informalidade de novos trabalhadores chega a 74%, mostra Dieese

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 14 de novembro de 2018 às 01:06
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:09
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A maioria das pessoas que ingressou no mercado de trabalho no segundo trimestre está em emprego precário

A taxa de informalidade
entre as pessoas que entraram no mercado de trabalho atingiu 74,2% de 9,4
milhões de pessoas que começaram a trabalhar no segundo trimestre.

O valor é muito maior do
que os 39% de informalidade em relação ao número total de pessoas empregadas no
país, que são 91,2 milhões de ocupados. Os dados foram divulgados pelo
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

O saldo final foi de 600 mil
trabalhadores a mais no mercado de trabalho, passando de 90,6 para 91,2
milhões, na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 2018.

A rotatividade, no entanto, continua
alta: 8,8 milhões que estavam ocupados ficaram desempregados ou saíram da força
de trabalho, em contraposição aos 9,4 milhões de inativos ou desocupados que
conseguiram trabalho.

A conclusão do Dieese é que a maioria
dessas pessoas que entrou no mercado de trabalho no segundo trimestre ingressou
em trabalhos precários: maior informalidade, menor cobertura previdenciária,
ocupações típicas de uma economia com baixo dinamismo (especialmente para as
mulheres) e rendimentos inferiores à metade do mercado de trabalho em geral. “Mais
do que o estreitamento das oportunidades para os novos trabalhadores, o
movimento descreve a falta de fôlego da economia brasileira para proporcionar,
no curto prazo, alternativas mais estruturadas de trabalho, devido à fraca
recuperação e a ausências de perspectivas melhores para o próximo período”,
divulgou o instituto de pesquisa.

Setor
privado

Dos “novos ocupados”, 22,6% (2,1
milhões) foram contratados sem carteira pelo setor privado e 16,8% com carteira
também pelo setor privado. A maior parte desses novos ocupados, 34,6% (3,3 milhões),
foram trabalhar por conta própria, a maioria (86,2%) sem formalização – só 14%
contribuiu para a Previdência.

Uma em cada cinco mulheres (20%) foi
contratada como empregada doméstica no segundo trimestre, a maior parte sem
carteira (887 mil), enquanto apenas 78 mil tiveram a carteira assinada. Cerca
de 30% das mulheres que entraram no mercado de trabalho foram trabalhar por
conta própria. Entre os homens, entre os maiores índices, estão os 39,2% que
foram trabalhar por conta própria (1,8 milhão) e os 30% sem carteira assinada
(1,3 milhão).

Dos “novos ocupados” nas categorias
de trabalho por conta própria, 71% concentraram-se em 20 ocupações, a maior
parte ligada a atividades manuais ou de prestação de serviços e vendas. O
Dieese destaca os vendedores a domicílio (281 mil), agricultores (276 mil) e
pedreiros (275 mil). Também aumentou a participação em ocupações que, segundo o
instituto de pesquisa, geralmente crescem em períodos de baixo dinamismo
econômico, como condutores de automóveis (88 mil) e vendedores ambulantes (77
mil, de alimentação, e 59 mil, os demais).

Salário

O rendimento médio desses
trabalhadores que acabaram de conseguir uma vaga, no segundo trimestre,
equivale a menos da metade do que é pago no mercado de trabalho, segundo o
Dieese. Enquanto os ingressantes recebiam cerca de R$ 1.023, o mercado oferecia
em média R$ 2.128 para o total de ocupados.

Os jovens, tradicionalmente, têm
rendimento menor do que o recebido por aqueles com mais idade. Em algumas
situações, chegam a ganhar apenas 65% do rendimento dos trabalhadores de 60
anos ou mais (R$ 857 ante R$ 1.318). Mais da metade (53%) dos “novos ocupados”
tinha jornadas inferiores a 40 horas semanais. Desses, 35% disseram que
gostariam de trabalhar mais horas.


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