Tabagismo pode diminuir em até 24% a fertilidade de homens e mulheres

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  • Publicado em 11 de setembro de 2018 às 11:12
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:00
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Prejuízos do cigarro ao sistema reprodutor são causados pelas substâncias tóxicas do produto

Todos os anos, as campanhas são voltadas para alertar os fumantes sobre os riscos que o cigarro traz, especialmente aqueles relacionados ao câncer de pulmão, de boca, além dos problemas respiratórios e cardíacos. Porém, há outro problema menos abordado, mas tão importante quanto os outros riscos: fumar pode levar à infertilidade.

 O que os dados coletados pela Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) apontam é que homens e mulheres fumantes têm três vezes mais chances de sofrerem de infertilidade quando comparados àqueles que não fumam.

De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), fumar mata mais de cinco milhões de pessoas, anualmente. No Brasil, mais de 17% da população fuma e boa parte destes fumantes são adolescentes. Isso mostra que parte dos jovens podem vir a sofrer com a impotência devido ao cigarro.

Os prejuízos do cigarro ao sistema reprodutor são causados pelas substâncias tóxicas  pelas quais o produto é composto – as mais famosas são a nicotina e o alcatrão. Elas comprometem a função reprodutiva em diversos níveis. Afetam desde a produção dos espermatozoides até a movimentação tubária (que faz com que o óvulo percorra o caminho entre o ovário e o útero), a divisão celular, a formação do embrião e sua implantação.

Pesquisa divulgada pela Korean Society for Sexual Medicine and Andrology, por exemplo, mostrou que a concentração de espermatozoides em fumantes foi aproximadamente 24% menor na comparação com homens saudáveis não-fumantes. “Isso ocorre porque o fumo afeta negativamente os parâmetros de qualidade do sêmen, incluindo morfologia e mobilidade”, explica Marcelo Rufato, embriologista do Centro de Fertilidade de Ribeirão Preto (CEFERP).

Outro estudo, conduzido em clínicas holandesas de fertilização in vitro (FIV), examinou o efeito do tabagismo sobre a taxa de sucesso da fertilização em mais de oito mil mulheres. Os resultados destacam que o tabagismo diminuiu a taxa de nascidos vivos em 7,3%. Além disso, a taxa de aborto espontâneo por gravidez foi maior para os fumantes em 21,4% em comparação com 16,4% para os não fumantes.

No mesmo estudo, os autores relataram que, se uma mulher tivesse fumado durante a sua vida, ela era duas vezes mais propensa a falhar em engravidar do que as mulheres não fumantes. Este risco acabou por aumentar em 9% a cada ano adicional de tabagismo.

“Há um risco maior de abortamento também com o tabagismo paterno, que é mais provável devido a danos no DNA do espermatozoide. Além disso, o tabagismo entre as mulheres tem um efeito adverso sobre a reserva ovariana e estudos mostram que os oócitos expostos ao tabagismo no passado tiveram como resultado a diminuição das taxas de fertilização”, afirma Camilla Vidal (CRM-SP 164.436), médica especialista em Reprodução Humana do CEFERP. “Abandonar o cigarro é certamente o que deve ser aconselhado a qualquer fumante, especialmente se ele ou ela estiverem tentando ter um filho”, afirma a médica.

Tabagismo passivo

Pessoas não fumantes, mas que convivem em ambientes fechados onde há fumaça de derivados do tabaco como charutos, cigarros e cachimbos, são os chamados fumantes passivos.

Segundo a médica, essas pessoas também precisam ficar atentas a todos os riscos que envolvem a inalação involuntária da fumaça presente no ar. “Não-fumantes com exposição excessiva à fumaça do cigarro também podem ter sua fertilidade afetada negativamente”, comenta.