Sem procissão, fiéis vão às ruas agradecer cura da Covid no Círio de Nazaré

  • Bernardo Teixeira
  • Publicado em 11 de outubro de 2020 às 15:51
  • Modificado em 11 de outubro de 2020 às 15:51
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Procissão religiosa que atrai 2 milhões de pessoas a Belém foi cancelada por causa da Covid-19.

O Círio de Nazaré, que costumava atrair 2 milhões de pessoas para Belém (PA), foi diferente neste ano. Em razão da pandemia do coronavírus, a procissão oficial foi cancelada por recomendação das autoridades de saúde, para evitar aglomerações. Mesmo assim, neste domingo (11), milhares de pessoas fizeram o trajeto que normalmente é realizado com a Imagem Peregrina da padroeira.

A família Almeida improvisou uma corda para agradecer e pedir pela saúde. O grupo, que vai na corda do Círio desde 2004, fez uma procissão particular para que a tradição não fosse perdida neste ano tão difícil em que membros da família foram infectados com o novo coronavírus.

“Eu cheguei a ficar doente, senti falta de ar, dor no peito, febre. Emagreci seis quilos por causa da doença. Foi muito doloroso esse momento, porque tive que ficar longe do meu filho e da minha esposa. Mas graças a Nossa Senhora eu pude me curar”, declarou Márcio Almeida.

Nas ruas, vários grupos de pessoas fizeram seu Círio alternativo, levando para a caminhada de fé berlindas caseiras, cordas, objetos em cera para o pagamento de promessas e, levando no peito o principal sentimento que envolveu a todos: a gratidão.

O enfermeiro Alex Walace Sena, de 34 anos, decidiu fazer uma homenagem a todos os profissionais de saúde que perderam a vida e os que atuaram cuidando dos infectados com o novo coronavírus, assim como ele. 

Alex saiu do plantão no Pronto Socorro Municipal (PSM) da 14 de Março, em Belém, às 3h da madrugada e seguiu direto para a Catedral de Belém, onde iniciou o pagamento de sua promessa.

Coberto com a roupa de proteção usada pelos profissionais de saúde e de máscara, o enfermeiro fez o trajeto do Círio de Nazaré de joelhos pelas ruas.

“Eu fiz a minha promessa para ninguém da minha família evoluir com a Covid. Fiz por todas as vítimas e em homenagem a todos os profissionais da saúde que combateram de frente toda essa pandemia. Cheguei a ver paciente entrar andando e sair empacotado. Foi uma dor muito grande pra mim”, afirmou o enfermeiro devoto de Nossa Senhora, que teve a doença.

Outro devoto que foi as ruas neste Círio de Nazaré foi o administrador Wilson Rodrigues de Oliveira Neto, de 38 anos. Ele teve Covid-19, acreditava que fosse morrer e fez a caminhada de fé neste domingo para agradecer por ter sobrevivido à doença.

“Eu tive Covid e Nossa Senhora me deu livramento. Eu estava em casa muito debilitado. Os hospitais estavam lotados, tive medo. Disse a ela [Nossa Senhora de Nazaré], que se fosse pra me levar, que me levasse de perto da minha família. Acordava muito ruim, tinham certas horas do dia que atacava muito a tosse, falta de ar, mas eu nunca perdi a fé. Estou agradecendo muito pela minha família, não perdemos ninguém”, lembra o administrador, que atua na Guarda de Nazaré.

Ele afirma que a decisão de não haver procissão foi acertada, porém, conta que precisava viver esse momento.

“Eu entendo e respeito a posição da igreja. Eles estão corretos. Mas a nossa fé é muito maior, está no nosso coração, no nosso sangue. As pessoas não iam deixar de agradecer Maria. Círio sem vir para rua pra mim não seria um Círio completo. Agora estou realizado e cumpri uma missão de mais um Círio”, opinou Wilson.

As informações são do portal G1.


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