Segredo da longevidade pode ter sido descoberto, diz pesquisa científica

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 15 de novembro de 2019 às 23:01
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:01
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Estudo revela que ‘super’ sistema imunológico dos centenários abriga grande proporção de célula T auxiliar

​​Qual é o segredo para a longevidade? Os pesquisadores Kosuke Hashimoto, Nobuyoshi Hirose e Piero Carninci acreditam que a resposta para viver mais dos 110 anos pode ser um aumento das células assassinas na corrente sanguínea.

Os pesquisadores descobriram que os supercentenários, pessoas que atingem os 110 anos de idade ou mais, têm concentrações mais altas do que o normal de um tipo particularmente raro de célula T auxiliar no sangue.

Essas células imunológicas podem proteger os mais velhos contra vírus e tumores, deixando-os com uma saúde notavelmente boa.

“A chave será entender qual é o alvo natural [das células], o que pode ajudar a revelar o que é necessário para uma vida longa e saudável”, escreveram os autores do estudo à Live Science.

Como os supercentenários são raros, é difícil coletar suas amostras celulares. Sendo assim, o novo estudo se concentrou na coleta de sangue total, uma vez que é relativamente simples de ser executada. 

Os pesquisadores isolaram as células do sistema imunológico do sangue de sete supercentenários e cinco participantes de controle, com idades entre 50 e 80 anos. 

Depois disso, os cientistas usam um método avançado chamado transcriptômica de célula única para descobrir as ações de cada célula imunológica. 

Este método mede o RNA mensageiro produzido pelos genes dentro de uma célula e, ao ler essas “mensagens” enviadas pelo RNA, os pesquisadores podem determinar as atividades de cada célula, identificando-a efetivamente e sua função.

Proteção imunológica

No total, foram coletadas mais de 41 mil células imunes dos sete supercentenários que participaram do estudo, versus as 20 mil células dos indivíduos de controle mais jovens. 

A descoberta de destaque, segundo os autores, foi que uma grande proporção das células imunológicas dos supercentenários eram um conjunto chamado CD4 CTLs, um tipo de célula T auxiliar que pode atacar e matar diretamente outras células de ameaça.

“Isso é surpreendente, porque geralmente são um tipo de célula rara”, afirmaram.

O amplo grupo de células CD4, ou células T auxiliares, geralmente não são combatentes, mas atuam como comandantes, dizendo para as outras células imunológicas o que fazer. 

Porém, os CTLs e o CD4 são citotóxicos, o que significa que são capazes de realmente atacar e destruir os próprios invasores.

Nos supercentenários, cerca de 25% de todos os Ts auxiliares possuem essa versão “assassina”, em contraponto com 2,8% de presença nas pessoas mais novas, segundo publicado na revista científica Proceedings, da Academia Nacional de Ciências.

Vale ressaltar que o estudo não pode provar que as células imunológicas são a causa direta de extrema longevidade.

Os pesquisadores analisaram o sangue de um centenário que também mostrou o padrão “normal” imunológico.

Além disso, o tamanho da amostra é pequena, mas já é comprovado que as células T citotóxicas atacam células tumorais e protegem contra vírus em camundongos. 

Agora, o próximo passo é descobrir o que essas células fazem nos seres humanos.

(Fonte: Live Science, via Olhar Digital)


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