SP coordena projeto inovador e eficiente para criação de tilápias

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 19 de junho de 2018 às 09:10
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:48
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Além de reduzir a mortalidade, sistema desenvolve alimentação automática dos peixes

A piscicultura é um importante setor
para economia nacional e, atualmente, é marcada pela grande quantidade de
criação de tilápias.

Segundo dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), a espécie chegou a movimentar R$ 1,335
bilhão em 2016. Diante disso, esses valores motivaram o Estado de São Paulo a
desenvolver e aprimorar estudos sobre os peixes.

Por meio da Agência Paulista de
Tecnologia do Agronegócios (APTA), vinculada à Secretaria de Estado de
Agricultura e Abastecimento, foi criado um sistema inovador de criação de tilápias.
O projeto consiste em um tanque de alumínio flutuante em garrafas pet com um
silo no centro. Com capacidade de armazenamento de 1,2 mil quilos de ração, o
protótipo libera em dosagem adequada o alimento 48 vezes por dia.

A ideia é estabelecer métodos
diferentes do que a piscicultores estão habituados. Dessa forma, é dispensada a
forma manual de alimentação da espécie, em que o funcionário despeja três a
quatro vezes por dia a ração nos tanques. “O novo sistema traz mais agilidade e
eficiência na alimentação das tilápias e redução dos custos de produção. É um
produto destinado aos grandes empreendimentos localizados, principalmente, em
barragens de hidrelétricas”, afirma Célia Maria Doria Frasca Scorvo,
pesquisadora da APTA que integra o projeto.

A iniciativa recebe apoio do Programa
Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo (FAPESP) e é desenvolvido pela empresa Fisher
Piscicultura. Ele está em fase final de testes no Rio Grande, no Reservatório
de Água Vermelha, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais. “O temporizador
modula a alimentação dos peixes e torna os cardumes mais homogêneos. Se o peixe
come regularmente, estará sempre saciado, comendo só o que precisa”, conta
David Paulino, sócio da Fisher Piscicultura, que detêm a patente do tanque.

Vantagens

A taxa de mortalidade desses peixes
durante o processo de produção é menor com a utilização do tanque redondo.
Geralmente, a mortalidade da tilápia ultrapassa 20% nas pisciculturas
comerciais. Com o novo sistema, os especialistas conseguiram diminuir esse
número para 8%.

Uma das novidades está na manutenção
dos peixes dentro dos tanques, uma vez que nos métodos convencionais eles são
levados a outros reservatórios quando atingem determinado tamanho, aumentando
as chances de morte. Através dele, telas conduzem os peixes maiores para outro
compartimento.

Outra peculiaridade está na
facilidade da limpeza dos tanques e no combate às pragas que afetam a espécie.
Os reservatórios emergem e ficam fora da água por meio da injeção de ar em
tambores na parte inferior da estrutura de alumínio. Nos criadores tradicionais
é necessário o uso de balsas com guinchos para elevar os tanques ou contratar
mergulhadores para fazer esse serviço.

Projeto

Os reservatórios do projeto chegam a
contar com 60 a 100 mil tilápias. Segundo Célia, estão sendo realizados testes
desde 2014. O objetivo é apresentar os pontos que devem ser aperfeiçoados antes
de disponibilizá-lo ao setor produtivo. “Acreditamos que o produto será muito
bem aceito, por trazer grandes melhorias para as pisciculturas brasileiras”,
completa.

Com a finalização da segunda fase do
projeto, a empresa Fisher já solicitou recursos ao PIPE para dar continuidade a
etapa três. Após a conclusão, ele finalmente poderá ser colocado no mercado. “Trabalhos
como esse são fundamentais para avançarmos na produção brasileira de alimentos.
Estreitar ligação entre as instituições públicas de ciência e tecnologia e as
empresas é uma peça fundamental para isso e bastante incentivada pelo
governador Márcio França”, afirma Francisco Jardim, secretário de Estado de
Agricultura e Abastecimento.


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