USP investiga tremores de terra em Sales Oliveira após denúncias

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 25 de agosto de 2019 às 23:29
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:45
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População diz que ‘terra tremeu’ ao menos cinco vezes na última semana. Sismógrafos serão instalados

Técnicos do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP) instalaram sismógrafos em Sales Oliveira para investigar a suspeita de tremores.

Segundo a população, a “terra tremeu” ao menos cinco vezes na última semana. “É como se pegasse uma pilastra de cimento e jogasse no chão, é um barulho imenso, chega tremer as janelas. É coisa de cinco segundos, muito rápido”, conta a manicure Daniela Tostes. “A gente está ficando cada dia mais assustado, preocupado”, completa.

No município com 11 mil habitantes, os moradores não falam em outro assunto. O último tremor ocorreu na manhã de sexta-feira, 23 de agosto, e foi sentido nos bairros onde a altitude é maior. A lavradora Maria de Lourdes Passaglia relembra do primeiro abalo que sentiu. “Eu assustei, fiquei com medo pensei que o mundo ia desabar com aquele barulho. A gente nunca passou por isso”.

O aposentado Nelson Passaglia, marido de Maria de Lourdes, relembra que os primeiros tremores de terra ocorreram há cerca de um mês. De lá para cá, os vizinhos têm sentido abalos cada vez mais frequentes.

Apesar do susto, nenhum prejuízo foi registrado. “Estava sentando na varanda, a cadeira deu uma tremida, aí eu falei ‘uai, minha velha, o que está acontecendo aqui?’ Dá um tiro, aquele estouro e depois treme. A gente assusta, não é acostumado com isso”, diz o aposentado.

O mecânico Wilson Afonso de Paula conta que as janelas da casa da família no bairro Alto Olímpico 2 tremeram durante um dos abalos na última semana.

Já na escola onde os netos dele estudam, os materiais chegaram a cair das carteiras. “Foi um fenômeno muito esquisito mesmo, um barulho forte. Eu, minha esposa, até os cachorros que estavam com a gente assustaram, começaram a latir, ficaram espantados. Está todo mundo sem entender o que aconteceu”, afirma.

Estações sismográficas próximas a Sales Oliveira, como a que está instalada em Bebedouro, a 80 quilômetros de distância, não registraram os tremores relatados pelos moradores, segundo afirma o engenheiro eletrônico do IAG/USP Luís Galhardo.

Por isso, a equipe da USP decidiu instalar equipamentos no próprio município. Os sismógrafos captam a liberação de energia proveniente do solo.

Para decidir os locais onde seriam colocados, os pesquisadores conversaram com os moradores. “Estamos colocando em alguns lugares estratégicos, porque, além de medir as vibrações, vai medir a intensidade com que estão acontecendo, também consegue determinar a direção ou a origem dos sismos”, afirma o engenheiro eletrônico da USP.

O engenheiro diz suspeitar que os abalos sejam de magnitude 1 na Escala Richter e explica que a quantidade, assim como a intensidade, tendem a diminuir com o tempo.

A equipe não tem prazo para deixar Sales Oliveira. “Parece ser uma coisa bem local e não parece ser preocupante. Se a gente perceber que isso é corriqueiro, tem que tomar cuidado e pedir que as construtoras pensem um pouco melhor na parte de engenharia, de construção”, finaliza.


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