Saiba o que é e quais os sintomas do Transtorno de personalidade Borderline

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 14 de agosto de 2018 às 20:41
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:56
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Problema é facilmente confundindo com depressão e bipolaridade e atinge, majoritariamente, mulheres

O Transtorno de Personalidade
Borderline (TPB) afeta cerca de 6% da população mundial, mas muitas vezes seus
sintomas são confundidos com outras doenças. As principais consequências para o
paciente com o transtorno são a automutilação, o uso de drogas e de álcool e,
em casos extremos, tentativas de suicídio – sendo que até 10% deles chegam a se
matar.

Exatamente por ser pouco
conhecida, ainda não existem números confiáveis sobre o TPB no Brasil e,
geralmente, os pacientes são diagnosticados de forma errada, como casos de
depressão ou de bipolaridade. O equívoco leva à medicação errada e ao
tratamento ineficiente.

Beatriz Moura, psicóloga
especialista em Borderline procura definir melhor o transtorno. Segundo ela, o
primeiro passo é conhecer a doença para, assim, identificar as melhores medidas
a serem tomadas. Segundo a especialista, muitos países já possuem uma
tecnologia que, a partir de exames de neuro-imagem, identificam a doença. Fora
do Brasil, portanto, é muito mais fácil chegar a números sobre o transtorno, já
que ele pode ser visto pelos médicos.

No geral, o TPB é mais comum entre
mulheres, afetando 75% das pacientes que apresentam distúrbios. Ainda que
alarmante, o número mostra também um panorama de como os homens enxergam
doenças mentais e seus tratamentos.

As mulheres normalmente buscam
mais meios de cuidar da saúde mental, recorrendo a especialistas e buscando
informação. No entanto, os homens tendem a não procurar ajuda e acabam
respondendo ao transtorno com álcool e drogas.

De acordo com Beatriz, o paciente
com TPB tem mais incidência de comportamentos impulsivos e perigosos,
distanciando-se ainda mais daqueles com bipolaridade, por exemplo.

Essas emoções também oscilam muito
mais durante o dia: são constantes, às vezes com espaço de tempo de 1 hora. “O
paciente com Borderline é extremamente emotivo e explosivo. A mudança de humor
é frequente. Em um momento ele é impulsivo, noutro está com raiva e logo em
seguida sente felicidade”, afirma a psicóloga.

É por esses motivos, inclusive,
que o paciente tem uma enorme dificuldade com relações interpessoais. As
pessoas com o transtorno são muito intensas e instáveis, dificultando o
convívio próximo com o paciente.

Assim como nas relações, o
paciente com o transtorno nem sempre sabe lidar com o êxito nas atividades que
desempenha. Segundo Beatriz, chega a ser comum que eles abandonem ou destruam
seus alvos e metas, justo quando eles se aproximam. “O paciente não tem uma
vida social boa, ou um trabalho bom. E quando ele tem alguma experiência em
qualquer um dos cenários, ele se sente angustiado porque nem tudo é o que ele
imaginava que seria”, diz a especialista. Dessa forma, a pessoa não se sente
capaz de desempenhar alguma função e acaba se sabotando.

Muitas vezes, isso acontece
porque, dentro da cabeça do indivíduo com TPB, as coisas são muito confusas.
Essa auto-sabotagem também pode ser vista nos relacionamentos amorosos – eles
acham que não são dignos do amor de outra pessoa. Além de tudo, ainda temem o
abandono e vivenciam sentimento crônico de vazio com frequência.

A especialista explica que as
causas do Borderline são diversas, desde genética até experiências emocionais
precoces, como abuso na infância ou negligência grave na família. Esses
indícios também são, na verdade, o que mais podem distinguir um paciente com
Borderline de um paciente com Bipolaridade.


+ Saúde