Retina pode indicar sinais do surgimento da doença de Parkinson

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 19 de agosto de 2018 às 14:41
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:57
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Os olhos podem revelar um sinal precoce da doença de Parkinson, segundo cientistas coreanos

Os olhos podem revelar um sinal precoce da doença de Parkinson, segundo cientistas coreanos. Eles observaram que o afinamento da retina está ligado à perda da dopamina — neurotransmissor que ajuda a controlar os movimentos do corpo. 

Dessa forma, acreditam, o monitoramento da membrana ocular poderia ajudar na detecção do mal degenerativo. “Nosso estudo é o primeiro a mostrar uma ligação entre o afinamento da retina e um sinal conhecido da progressão da doença— a perda de células cerebrais que produzem dopamina”, ressalta, em comunicado, Jee-Young Lee, pesquisador da Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul, e um dos autores do estudo, divulgado na revista especializada Neurology.

Lee e sua equipe analisaram 49 pessoas com idade média de 69 anos e diagnosticadas com Parkinson em média dois anos antes do experimento. Todos os voluntários ainda não tomavam medicação para a doença. Eles foram comparados a 54 indivíduos  do grupo de controle, que não tinham Parkinson e estavam em faixa etária semelhante.

Todos os participantes foram submetidos a um exame oftalmológico completo, além de tomografias de alta resolução para tirar fotos das camadas das retinas. Além disso, 28 indivíduos com doença de Parkinson passaram por uma captura de imagens de tomografia por emissão de pósitrons para medir a densidade de células produtoras de dopamina no cérebro.

Os investigadores observaram o enfraquecimento da retina, principalmente nas duas camadas internas da membrana, nos voluntários com Parkinson. A camada mais interna — são cinco no total — tinha espessura média de 35 micrômetros, contra 37 nos indivíduos do grupo de controle. “Também descobrimos que, quanto mais fina a retina, maior a gravidade da doença. Essas descobertas significam que os neurologistas podem, eventualmente, usar um simples exame ocular para detectar a doença de Parkinson em estágios iniciais, antes que os problemas com o movimento se manifestem”, diz Lee.

Os autores destacam que precisam aprofundar a investigação, incluindo, por exemplo, um acompanhamento a longo prazo de participantes. “Maiores estudos são necessários para confirmar as descobertas e determinar por que o estreitamento da retina e a perda de células produtoras de dopamina estão relacionadas”, frisa Lee. “Se confirmados (os resultados), os exames de retina poderão não apenas permitir o tratamento mais precoce da doença de Parkinson, como também se transformar em monitoramento mais preciso de tratamentos que poderiam retardar a progressão da doença.”


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