Remédio para calvície pode aumentar o risco de câncer de próstata?

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 21 de maio de 2018 às 02:20
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:45
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Estudo mostra que a droga finasterida não causa a forma mais letal do tumor em usuários

O acompanhamento de longo
prazo com homens que utilizaram a finasterida mostra que a droga não aumenta
risco de forma letal de câncer de próstata. O achado é particularmente
importante porque um estudo de 2003 mostrou que o medicamento poderia ter um
efeito paradoxal: ele diminuía a chance do câncer de forma geral, mas aumentava
risco de um tipo específico e letal. Pesquisa mais profunda apresentada no último
sábado, 19 de maio, no entanto, diz que o resultado não procede.

Os resultados foram divulgados em encontro anual da
Associação Americana de Urologia.

A finasterida é um medicamento
comum usado para tratar os sintomas do aumento da próstata (em altas doses) e
da calvície masculina (em baixas dosagens). O medicamento impede que a
testosterona vire a diidrotestosterona, forma do hormônio que tem uma ação
sobre a perda do cabelo de homens e sobre o crescimento da próstata.

A polêmica com o medicamento,
contudo, começou em 2003 com pesquisa publicada no New Engrland Journal of
Medicine. A pesquisa com 18.882 homens mostrou que, ao mesmo tempo em que a
finasterida poderia ter um resultado positivo significativo (reduzia o câncer
de próstata em 25%), ela também aumentava em 68% a chance de tumores de alto
grau e letalidade.

O achado levou o FDA a incluir um alerta no rótulo do
medicamento. O FDA (Food And Drug Administration) é um órgão americano similar
à Anvisa nos Estados Unidos e é responsável pela regulação de medicamentos e
pela garantia de boas práticas da indústria farmacêutica.

O estudo era inicial e pesquisadores tomaram para si a
tarefa de analisar se o resultado era consistente ao longo do tempo. A pesquisa
apresentada em 2003 avaliou homens de 1993 a 1997; a equipe do estudo atual
voltou a esse banco de dados e o comparou com um outro banco: o de óbitos
nacionais americanos.

Ian Thompson é professor
emérito da Universidade do Texas e coordena todas as pesquisas em urologia no
SWOG, uma rede de oncologistas que recebe financiamento do Instituto Nacional
do Câncer dos Estados Unidos para pesquisas. Ele explica que o câncer de
próstata é o câncer mais diagnosticado em homens. Ele acredita ser o
medicamento, inclusive, uma forma eficaz de prevenir o câncer.

Thompson diz ainda que a
pesquisa demonstrou que o medicamento aumentou a chance de detecção de câncer
de próstata em triagens e biópsias — inclusive os de maior grau.

Contudo, a droga não está livre de outros efeitos
colaterais, apontam pesquisadores. Ela pode levar à impotência em alguns casos,
também há relatos de crescimento anormal das mamas e dor nos testículos. A
maior parte dos efeitos desaparecem, segundo a bula, depois que a terapia é
interrompida.


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