Quase 60% dos municípios de MG estão sob ameaça do mosquito da dengue

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 13 de junho de 2018 às 08:26
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:48
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Dados constam no Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa)

Cinco a cada dez municípios mineiros estão em estado de alerta ou risco para surtos de dengue, zika e chikungunya. Ao todo, 492 cidades sinalizaram a possibilidade de epidemias dessas doenças no período chuvoso, que vai de outubro a março, quando os criadouros do mosquito aumentam em todo país. 

Os dados constam no Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa), divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), tendo como referência abril deste ano.

Em situação de risco, são 112 cidades em Minas, o equivalente a 13% das 853 existentes. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a pior situação é registrada em 22% dos municípios. São 1.153 localidades no país com índice de infestação superior aos 4%. O que indica que a cada 100 imóveis vistoriados pelas equipes de vigilância, quatro apresentaram larva do mosquito. 

Belo Horizonte está em estado de alerta com indicador de 1,5%, conforme a Secretaria Municipal de Saúde. De acordo com a pasta, 84% dos focos foram encontrados em residências. Do total, 26,3% estavam em inservíveis, 14,2% em vasos de plantas e 9,9% em recipientes. 

O quadro preocupa. “Os números mostram proliferação dos focos do mosquito pelo Estado. Ele sinaliza a possibilidade de surtos das doenças transmitidas pela picada do Aedes”, afirma o virologista Flávio Guimarães. 

Casos

Em Minas, 22.454 casos prováveis de dengue já foram registrados pela SES-MG neste ano. No mesmo período, foram 8.667 possíveis pacientes com chikungunya e 222 com zika.

A menor incidência de casos prováveis de dengue e zika seria uma das explicações para o aumento dos focos. Em 2017, o número de infectados por dengue foi quase 20 vezes menor do que em 2016, caindo de aproximadamente 519 mil para cerca de 26 mil.

“Passados anos seguidos de surtos, o número de doentes começou a cair. Então, é natural que a população e até mesmo as autoridades relaxem nas ações preventivas. Aí abre mais espaço para evolução dos criadouros”, expõe Guimarães. 

Descuido

A infectologista Silvia Hees acredita que o principal problema ainda está ligado à falta de cuidado das pessoas, que não eliminam os focos do mosquitos dentro de casa. “O risco de transmissão está diretamente ligado ao grande número de focos. Portanto, é essencial uma mudança de comportamento para que novas epidemias não apareçam”, coloca. 

Para a assessora de saúde da Associação Mineira de Municípios (AMM), Juliana Marinho Diniz, a falta de recursos decorrente da crise econômica também pesou. Com menos dinheiro para investir na saúde, as prefeituras tiveram que optar por resolver problemas mais emergenciais. 

“Nos últimos meses, o foco ficou muito no uso das verbas para garantir o combate à febre amarela. Equipes tiveram que ir para as zonas rurais para vacinar, por exemplo, e tudo isso demanda gastos”, conta. 

Por nota, a SES-MG informou que “as ações de controle do vetor se dão em âmbito municipal”, sendo que o papel da pasta é “apoiar os municípios na realização dessas ações, inclusive com treinamentos e reuniões de alinhamento”.

Editoria de Arte / N/A

Dengue 11062018


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