Quanto exercício é preciso para queimar 1 chocolate? Veja o que se quer fazer

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 12 de dezembro de 2019 às 17:51
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:08
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Britânicos querem que embalagens mostrem o quanto de exercício é preciso fazer para “queimar” calorias

EditSorrindo agora, para chorar depois

​Você repensaria em beber uma latinha do seu refrigerante preferido se soubesse quanto exercício precisaria para “queimar” essas calorias? 

De acordo com pesquisadores britânicos, adicionar o tempo de atividade equivalente às calorias de determinados alimentos pode ajudar o consumidor a fazer escolhas mais saudáveis. 

Professores e cientistas das universidades britânicas Loughborough University, Universities of East Anglia e Birmingham publicaram um estudo sobre o tema no periódico científico Journal of Epidemiology & Community Health nesta semana.

Eles defendem a mudança na rotulagem no Reino Unido para o sistema PACE (Physical Activity Calorie Equivalent, ou “Equivalente de Calorias em Atividade Física”) para alimentos industrializados, em particular bebidas açucaradas, como refrigerantes, e alimentos calóricas, como pizzas, hambúrgueres e ultraprocessados em geral. 

A ideia é colocar nas embalagens a informação de quanto exercício o consumidor precisa fazer para “queimar” as calorias de certos alimentos para incentivar bons hábitos alimentares.

Por exemplo, se você comer uma pequena barra de chocolate ao leite, que tem 229 calorias, terá de caminhar por 42 minutos ou correr por cerca de 22 minutos. 

Já para “queimar” uma latinha de refrigerante que tem 138 calorias, você precisará andar por 26 minutos ou correr por 13 minutos. 

“Quando um consumidor vê um símbolo que indica que ele terá de andar por quatro horas para ‘queimar’ uma pizza e apenas 15 minutos para ‘gastar’ as calorias de uma salada, isso em teoria deveria criar uma consciência sobre o ‘custo energético’ de comidas e bebidas”, apontou o estudo.

Apesar de a nutrição moderna prezar mais por valores nutricionais dos alimentos (principalmente aqueles conhecidos como “alimentos de verdade”) do que somente calorias dos alimentos, a ideia do estudo britânico é alertar sobre alimentos que não são saudáveis e ainda são hipercalóricos, conhecidos como alimentos “com calorias vazias”. 

Exemplos são refrigerantes, barras de chocolate, fast-food, chips e salgadinhos, bolachas doces, entre outros industrializados.

Mais informação, menos obesidade

O projeto examinou a base de dados de diversos estudos e artigos científicos que compararam o rótulo PACE com outros tipos de rótulos e o impacto desta seleção para o consumidor.

Os resultados destes estudos mostraram que quando a rotulagem do PACE era exibida nos itens de alimentos e bebidas e nos menus em restaurantes, em média, foram selecionadas refeições com menos calorias. 

A rotulagem PACE também foi associada ao consumo de cerca de 80 a 100 menos calorias em relação à rotulagem vigente.

A professora da Loughborough University e líder do estudo, Amanda Daley, calcula que se o sistema PACE fosse aplicado, cada cidadão poderia deixar de consumir cerca de 200 calorias por dia, em média.  

“As evidências mostram que mesmo uma relativa redução de calorias diárias, cerca de 100 calorias, combinada com atividade física frequente tende a ser boa para a saúde e pode ajudar a diminuir o índice de obesidade”, disse Daley.

“É uma simples estratégia que pode ser facilmente incluída nos rótulos de comidas e bebidas pela indústria alimentícia, nos supermercados e nos menus de restaurantes.”

E no Brasil?

Os rótulos dos alimentos no Brasil estão em fase de transformação. 

Depois de anos de negociações entre órgãos de defesa do consumidor, indústria e governo, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) apresentou um novo modelo de rotulagem nutricional.

A principal mudança é o design escolhido no formato de lupa na parte frontal das embalagens. 

De acordo com a agência, será obrigatório nos rótulos de todos os alimentos embalados que tiverem quantidade excessivas de açúcares, gorduras ou sódio escondidos.

Hoje, os rótulos de alimentos industrializados ou ultraprocessados não só não precisam destacar a quantidade destes ingredientes na parte frontal da embalagem ― sendo obrigados apenas a dar essas informações na tabela nutricional.

E ainda podem destacar ingredientes “bons” adicionados, como “rico em fibras”, “baixo em sódio”, “sem glúten”, entre outros nomes chamativos que tiram atenção das verdadeiras propriedades do alimento. 

Apesar da mudança, não há discussões sobre o uso da rotulagem PACE no País. ​


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