Professoras de Franca desenvolvem projeto pela valorização da Cultura Negra

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  • Publicado em 29 de novembro de 2017 às 11:28
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:27
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Alunos do Ensino Fundamental da escola Barão da Franca exercem cidadania e valores através de projeto

A exposição realizada pelos alunos do 5º ano do ensino fundamental da Escola Estadual Barão da Franca

O projeto Dialogando com Telas foi desenvolvido pelas professoras da Escola Estadual Barão da Franca, Marcelena Garcia Murari Martins, Eliane Belgamo de Carlo Silva e Marvi Pettersen, e realizado durante todo o ano letivo de 2017 com os alunos do 5° ano do Ensino Fundamental.

O objetivo do projeto foi abordar a importância e valorização da Cultura Negra além da data destinada para a comemoração do dia da Consciência Negra, 20 de novembro.

Foram criados espaços para manifestações artísticas por parte dos alunos que proporcionassem o debate, a reflexão e a criatividade resgatando a cultura afro brasileira.

As professoras Marcelena, Marvi e Eliane, responsáveis pelo projeto Dialogando com Telas

Os alunos debateram os conceitos de etnia e raça, compreendendo a questão do racismo e do preconceito no contexto das relações étnico raciais. Foram apresentados às crianças os filmes “O Poder de Um Jovem” e “Invictus”, para que pudessem refletir e se posicionar diante de diferentes fatos e situações e conhecer um pouco mais o contexto histórico, geográfico, sociológico e filosófico proporcionados pela exibição. De acordo com as professoras, essa atividade teve muita importância por conscientizar os alunos com relação ao respeito às diferenças através de ações de valores.

Os alunos que desenvolveram durante todo o ano letivo, trabalhos que integraram a exposição

Para que o projeto fosse um verdadeiro sucesso em termos de aproveitamento para os alunos, houve grande colaboração por parte da gestão escolar, além da cooperação dos pais. As professoras puderam observar mudanças nos alunos ao verem os mesmos se guiarem pela frase que colocaram em prática desde o primeiro dia “não faça ao outro o que não gostaria que fosse feito a você”. Foi muito gratificante, não apenas para as docentes, mas para as famílias e toda a comunidade escolar, trabalhar com um tema tão rico e importante, com a cultura trazida por um povo que até hoje influencia a cultura brasileira de maneira muito profunda.

A mostra

Na exposição feita pelos alunos é possível ver cartazes sobre tribos africanas, máscaras e telas onde as crianças usaram adereços diversos como tecidos, brincos e colares, elementos relacionados aos povos dessa cultura.

A aluna Maria Gabrielli Andrade Faleiros, foi uma das jovens que se encantou com o projeto idealizado pelas professoras. Para ela, além do tema ser muito interessante, o que mais gostou foi de realizar pesquisas, produzir os textos e cartazes para o seminário e, principalmente, aprender sobre a cultura de um povo que está a milhares de quilômetros de distância, mas que ainda assim influencia de maneira tão forte e profunda a cultura do povo brasileiro, fazendo com que um pouco de sua cultura também faça parte da nossa. “O que despertou meu interesse foi saber como essas pessoas viviam e vivem até hoje, isso me fez pensar sobre como devo agir e tratar sempre os seres humanos como iguais”, diz ela.

Arthur Guedes Ferreira, um dos alunos que também participou com entusiasmo do projeto, gostou particularmente das máscaras africanas, que revelam muito sobre a personalidade desse povo. “Os africanos são um povo sensível, e as máscaras para eles têm um significado espiritual e religioso muito forte, por isso me chamou a atenção”, comentou.

E um dos pontos altos do “Dialogando com Telas” foi a feijoada, um prato que se tornou típico da culinária brasileira. Ela foi servida de 21 a 24 de novembro aos visitantes da exposição e foi um verdadeiro sucesso.

Os alunos da escola Barão da Franca também produziram um
conto de autoria própria no qual ressaltaram fatos das tribos pesquisadas e os
aspectos que mais chamaram a atenção, reproduzidos conforme o entendimento das
turmas. Para as docentes, o resultado final do projeto, mais do que positivo,
mostra que renderá frutos na vida de cada um dos alunos participantes.

Confira o conto produzido:

“Numa manhã, uma menina que se chamava Kiara e seus dois amigos Kumbu e Teká saíram cedo para ir á floresta caçar. Eles não contavam com um imprevisto, pois ao adentrarem na floresta começou uma tremenda tempestade, com granizos, raios e trovões que acabou enchendo o Lago Tanganyika causando nas proximidades das Montanhas Albertine Rift uma grande enchente.

Os garotos temendo por suas vidas, tentaram subir em um morro para fugir da fúria do grande lago, foi então que ocorreu um deslizamento devido a grande quantidade de água que descia da montanha, o que fez com que Kiara  e seus amigos caíssem sendo arrastados pela correnteza.

Com a correnteza forte, os garotos tentaram se segurar em uma árvore, mas apenas Kumbu e Teká conseguiram se agarrar aos galhos, já Kiara, desapareceu sendo engolida pelo lago Tanganyika.

Enquanto isso,  suas famílias estavam preocupadas, fazia horas que os meninos tinham ido caçar e não retornaram. A tribo realizou  grupos de busca,  ao entrarem na floresta, viram que tudo estava destruído, árvores de baobás imensas caídas e arrancadas, a floresta estava coberta de lama, animais estavam mortos e ao se depararem com tanta destruição pensaram o pior.

– Será que os meninos conseguiriam sobreviver a isso? Disse Zaíra a mãe de Kiara.

Depois de horas vasculhando a floresta que cobria as montanhas, avistaram os meninos e tamanha foi a alegria do povo ao ver que estavam bem, mas Kiara não estava com eles. Zaíra avistou a menina no alto de uma grande árvore. Kumbu subiu e a retirou de lá.

Kiara estava inchada, seus olhos estavam  virados e se via neles um grande vazio. O feiticeiro da tribo a pegou no colo e começou a realizar um feitiço de cura, colocou em seus lábios leite de vaca misturado com sangue e ela aos poucos retornou do reino dos mortos.

Naquele instante a menina despertou, começou a andar e tudo o que ela tocava voltou á vida. Roga a lenda que ela virou uma poderosa sacerdotisa e um dos símbolos da tribo Masai na Tanzânia”.

Autores: Gustavo de Lima Guerra Junior e Guilherme Rocha pereira ( 5º ano B Profª Marvi e Marcelena)


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