Produtos para a pele podem interferir nos resultados de exames de glicemia

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  • Publicado em 10 de setembro de 2019 às 12:29
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:48
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Especialista em segurança cosmética, comenta a importância de lavar bem as mãos para a realização do teste

O
monitoramento do índice glicêmico é extremamente importante no controle da
glicemia e diabetes, impactando diretamente no tratamento dos pacientes que
lidam diariamente com a condição. Ao fazê-lo, é necessário contar com a maior
precisão possível nos exames, para que sejam mensurados os índices de açúcar no
sangue assim como quaisquer mudanças no quadro do paciente.

“Ao
checar os níveis de glicose no sangue por meio de um exame de sangue, é
possível fazer uma leitura sobre o organismo no que tange ao seu funcionamento
endócrino e sua resposta aos alimentos consumidos na dieta diária. Ao extrair a
gota de sangue para umedecer a fita reagente para realização do exame de
glicose, deve-se estar com o dedo livre de quaisquer cremes e loções, para
garantir que a taxa seja indicada com a maior precisão possível”,
recomenda a Dra. Maria Inês Harris, Diretora Executiva do
Instituto Harris
e especialista em avaliação de segurança da área
cosmética.

Um estudo
sobre o impacto de loções e cremes para o corpo no exame de glicose aponta que
o uso tópico da hidroquinona, largamente utilizada em produtos voltados ao
clareamento de manchas na pele, pode interferir no resultado final. A diferença
foi significativa e persistiu após 60 minutos da aplicação inicial do produto.

“Neste
caso, os índices glicêmicos podem apresentar níveis falsamente elevados,
interferindo no diagnóstico e levando ao monitoramento errôneo da
condição”, ressalta a Dra. Harris.

A
hidroquinona é utilizada como principal ativo para uso profissional de
tratamentos estéticos de clareamento gradativo de manchas como melasmas e
melanoses solares. Apesar de a hidroquinona ser proibida em produtos cosméticos
no Brasil, na Europa e em algumas localidades da Ásia, ainda há muitos produtos
no mercado contendo essa substância.

É
importante frisar que não é o uso do produto na pele do rosto ou do corpo que
pode interferir no resultado do exame de glicemia sanguínea, e sim a presença
do ativo na região em que se fará o exame, geralmente nos dedos. A contaminação
pode ocorrer quando a pessoa usa as mãos para passar o creme no corpo e não as
lava bem antes do exame.

Sobre
a Dra. Maria Inês Harris –
Diretora Executiva do Instituto Harris, a
Dra. Maria Inês Harris é Química, com Ph.D. em Química (UNICAMP) e
Pós-Doutorado em Toxicologia Celular e Molecular de Radicais Livres (UNICAMP) e
em Lesões de Ácidos Nucleicos (CNRS, França) e é certificada no curso
“Avaliação da Segurança dos Cosméticos na UE” (Universidade de
Bruxelas, Bélgica). Atuou como gerente técnica de Pesquisa Clínica na Alergia
Pesquisa Dermatocosmética, gerente de segurança de produtos da Natura e
especialista em métodos HPLC (High Performance Liquid Chromatography) na Alcon
Laboratórios. Também foi professora do Curso de Especialização em Cosmetologia
das Faculdades Oswaldo Cruz (São Paulo) por 19 anos e coordenadora de Pesquisa
Institucional da Universidade Bandeirantes (atual Anhanguera) no Brasil. É
autora dos livros “Pele – Estrutura, Propriedades e Envelhecimento” e
“Pele – do Nascimento à Maturidade”.


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