Produção industrial cresce 0,8% e tem melhor agosto desde 2014

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 1 de outubro de 2019 às 15:14
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:52
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Indústria volta a crescer após 3 quedas seguidas, mas ritmo de recuperação ainda é menor que em 2018

Depois de três meses em queda, a produção industrial brasileira cresceu 0,8% em agosto, na comparação com julho, segundo divulgou nesta terça-feira, 1º de outubro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se do melhor resultado para meses de agosto desde 2014, quando a alta foi de 0,9%.

O crescimento registrado em agosto é também o melhor resultado mensal desde junho do ano passado, quando houve avanço de 12,6%, na comparação com o mês imediatamente anterior.

Segundo o IBGE, a recuperação em agosto de 2019 foi puxada pela indústria extrativa, que cresceu 6,6% no mês, impulsionada pelo aumento na extração de minério de ferro, petróleo e gás.“Esse é o crescimento mais intenso desde junho do ano passado e interrompe uma sequência de três meses de queda da produção industrial, que acumularam perda de 0,9%. Portanto o avanço observado neste mês elimina uma parte importante daquela queda acumulada”, destacou André Macedo, gerente da pesquisa.

Setor ainda tem queda de 1,7% no ano

Apesar de a indústria ter voltado a crescer, o ritmo de recuperação ainda é menor que o registrado no ano passado.

Na comparação com agosto de 2018, a produção caiu 2,3%. No acumulado nos nove primeiros meses do ano, o setor ainda tem queda de 1,7%. Em 12 meses, a produção industrial mostra uma perda ainda maior de ritmo, ao passar de -1,3% em julho para -1,7% em agosto, permanecendo na trajetória descendente iniciada em julho do ano passado.

Em termos de patamar de produção, Macedo destacou que a indústria opera 17,3% abaixo do pico de produção, alcançado em maio de 2011. É como se o setor operasse no ritmo em que se encontrava dez anos atrás.

Para iniciar uma trajetória de crescimento, a indústria também depende, segundo o pesquisador, de uma recuperação efetiva do mercado de trabalho. “Embora venha sendo captada uma melhora no mercado de trabalho, a gente ainda tem um contingente grande fora dele. Além disso, a qualidade dos postos gerados caminha mais para informalidade, com salários mais baixos, o que não traz aumento da massa salarial e acaba não contribuindo com a demanda doméstica para que tenhamos impulso na retomada da produção industrial”, observou.

16 dos 26 ramos pesquisados registraram queda

Segundo o IBGE, apenas 10 dos 26 ramos pesquisados registraram alta na produção, o que mostra que a recuperação registrada em agosto foi concentrada em poucas áreas, com destaque para as indústrias extrativas – elas avançaram 6,6%.

Foi a quarta alta seguida na produção do setor extrativo, acumulando ganho de 25,2% no período e eliminando a perda de 24,2% acumulada nos três meses anteriores, em meio aos impactos da tragédia de Brumadinho (MG) na produção da Vale.

Os outros impactos mais relevantes no resultado de agosto vieram a produção de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,6%) e de produtos alimentícios (2%).

Na outra ponta, as maiores quedas foram registradas pelos ramos de veículos automotores, reboques e carrocerias (-3%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-7,4%), máquinas e equipamentos (-2,7%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-4,9%).


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