Praga da laranja bate recorde e atinge 18% dos pomares de SP e MG

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 4 de setembro de 2018 às 23:08
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:59
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Segundo levantamento, Já são 35,3 milhões de laranjeiras atingidas nos dois estados

C​onsiderada a principal praga da citricultura, o greening avançou neste ano nos pomares de São Paulo e Minas Gerais e atingiu o maior índice da história.

A doença está presente em 18,15% dos pés de laranja de São Paulo e do Triângulo/Sudoeste de Minas Gerais, segundo levantamento do Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) divulgado nesta quinta-feira (23) em Araraquara (a 273 km de São Paulo).

De acordo com o estudo, o cinturão citrícola formado pelos dois estados viu crescer 8,5% em relação ao ano passado o total de plantas doentes. O índice de 2017 era de 16,73%.

Já são 35,3 milhões de laranjeiras atingidas, ante as 32 milhões detectadas no levantamento anterior, o pior cenário desde a detecção da doença, em 2004.

O greening é uma doença que deixa as folhas mais amareladas e manchadas, deforma a laranja e a deixa com tamanho menor que o normal, reduzindo sua produtividade. Em alguns casos, não há alternativa que não seja a erradicação da planta. Não oferece risco às pessoas.

Das 12 regiões analisadas, em cinco houve avanço da doença: Brotas, Duartina, Altinópolis, Porto Ferreira e Avaré.

Brotas é a região de maior incidência, com 58,16% das plantas contaminadas, seguida por Limeira (34,01%), Duartina (32,78%), Porto Ferreira (27,41%) e Matão (18,32%).

“As propriedades menores são as que mais têm, mas todos têm tido dificuldade de controle”, afirmou o pesquisador do Fundecitrus Renato Bassanezi.

O levantamento foi feito entre os meses de março e junho.

PREJUÍZO NO CAMPO

O cenário preocupa pelas perdas que gera no campo. Na safra 2016/17, a doença causou a a queda de 1,37% das frutas, o equivalente a 4 milhões de caixas de 40,8 quilos cada.

Já na safra 2017/18, encerrada em junho, o total subiu para 4,06%, ou 19 milhões de caixas.

“Imagine o que será deste ano, com seca, severidade e doenças aumentando. Provavelmente será maior”, disse.

Na avaliação de Lourival Carmo Mônaco, presidente do Fundecitrus, os dados apresentados oferecem aos citricultores dos dois estados a dimensão da doença e as medidas que devem ser tomadas para controle.

“Temos um inimigo atrás de nós. Como diria Dada Maravilha [ex-jogador], problemática temos bastante, mas qual é a solucionatica?”, questionou.

A citricultura paulista movimenta por ano ao menos US$ 15 bilhões e arrecada US$ 180 milhões em impostos para 350 municípios dos dois estados. Segundo o setor, são gerados 200 mil empregos diretos e indiretos.

ELIMINAÇÃO

Em junho, o conselho deliberativo do Fundecitrus aprovou um programa integrado de combate ao greening, que ampliará ações de conscientização sobre manejo nos pomares e fora dele.

De acordo com o fundo, a meta é que até maio de 2021 -ou seja, menos de três anos-, 1,2 milhão de murtas e plantas de citros sem controle ideal sejam eliminados em São Paulo e Minas Gerais.

OUTRA AMEAÇA

Além do greening, o cancro cítrico é outra doença que apresentou crescimento em relação ao último ano.

Dos 8,68% de talhões infectados em 2017, o total acabou 11,71% neste ano, o que representa 34,9% de alta.

A região predominante é a noroeste de São Paulo, em que o índice chega a 63,14%, caso da região de Votuporanga.

Já o CVC, também conhecido como amarelinho, tem apresentado redução gradual nos últimos anos. Enquanto em 2009 o índice era de 42,6%, neste ano chegou a 1,3% -no ano passado, o índice era de 2,9%.

A redução foi possível graças ao controle do vetor e a eliminação de plantas doentes. Os índices mais altos estão nas regiões de Limeira (2,47%) e São José do Rio Preto (2,38%).


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