Poupatempo: Escreve Cartas supera marca de 293 mil atendimentos

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 5 de dezembro de 2018 às 17:55
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:13
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Com voluntários, serviço inclui redação de correspondências, elaboração de currículos e formulários

Em 1985, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu a data de 5 de dezembro como o Dia Internacional do Voluntário, com o objetivo de promover ações no setor ao redor do mundo. No Estado de São Paulo, uma das iniciativas de destaque e que conta com o apoio dos voluntários é o programa Escreve Cartas, em unidades do Poupatempo.

Vale ressaltar que as correspondências são escritas nos postos de atendimento e o Poupatempo doa o selo das postagens, feitas pelos próprios cidadãos. A ação foi lançada em 21 de outubro de 2001, durante a I Semana de Solidariedade do Governo de São Paulo, sob inspiração do filme “Central do Brasil”, dirigido por Walter Salles.

No enredo, a personagem Dora, interpretada por Fernanda Montenegro, auxiliava na redação de cartas. Diferentemente do longa-metragem, o serviço é gratuito e as correspondências, escritas à mão ou digitadas no computador, realmente chegam aos destinatários. Desde a implantação, o programa realizou mais de 293 mil atendimentos, que incluem auxílio no preenchimento de formulários e elaboração de currículos. Em dezembro, a demanda aumenta para a redação das cartas de crianças endereçadas ao Papai Noel.

Requisitos

Para ser voluntário do Escreve Cartas, é necessário, além de boa caligrafia, disposição, paciência, saber guardar sigilo e manter uma postura neutra durante a redação da carta. Ao todo, cinco postos fixos do Poupatempo na Grande São Paulo têm atividades do programa: Santo Amaro, Itaquera, São Bernardo do Campo, Guarulhos e Osasco.

As unidades de Santo Amaro e Itaquera foram escolhidas em 2001 para receber a ação por causa da maior concentração, no entorno, de imigrantes e pessoas de baixa renda. Em 2008, o serviço começou a funcionar no Poupatempo São Bernardo do Campo. Atualmente, são cerca de 190 voluntários.

“No Brasil, a educação ainda é falha. Muitas pessoas, às vezes, não conseguem expressar os próprios sentimentos no papel. A procura permanece grande e os usuários chegam aqui para preenchermos formulários, por exemplo, do Detran ou do Procon”, revela Martha Siqueira, coordenadora do programa Escreve Cartas, há dez anos no programa. O posto em Santo Amaro, na zona sul da capital, tem o maior número de atendimentos até hoje, que supera a marca de 147 mil.

No local, uma demanda constante é pela elaboração de currículos, em razão do índice elevado de desempregados. Também há muitos usuários que pedem aos atendentes a redação de cartas para familiares e programas de TV, além de ajuda em reclamações sobre empresas e serviços.

Disponibilidade

A professora aposentada Maria Miranda, de 73 anos, é uma das voluntárias na unidade de Santo Amaro. Ela participa do programa há seis anos e foi convidada pela irmã, também integrante do Escreve Cartas. “O trabalho é bem interessante. Chegam aqui usuários analfabetos ou semianalfabetos. Quem se propõe a atuar tem disponibilidade e deve ser uma pessoa atenciosa. O ambiente é agradável e de cooperação. Trata-se de um grande aprendizado lidar com todos os tipos de usuário”, explica.

O sentimento de Maria Miranda é compartilhado por outros voluntários, como o servidor público aposentado Aldo Barduco. Aos 78 anos, ele enfatiza a satisfação de ajudar os usuários do Poupatempo. “Desempenho com amor as atividades porque as pessoas vivem dramas que nunca vivi. Em homenagem a isso, procuro ajudar e tenho o sentimento de gratidão, com vontade de servir”, salienta Aldo Barduco, voluntário há quatro anos.

Entre 2009 e 2018, os Estados brasileiros mais procurados para o envio de correspondências foram, respectivamente, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Ceará, Pernambuco, Minas Gerais, Bahia e Alagoas. Os atendimentos são oferecidos durante todo o período de funcionamento dos postos (de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, e aos sábados, das 7h às 13h).

“Eu me sinto muito bem ao ajudar as pessoas. Nunca tinha sido voluntário e fico na expectativa de atender usuários com problemas que eu possa resolver. Tento me colocar no lugar das pessoas. Nunca tinha feito nenhuma carta para ninguém. Quem tem intenção de ser voluntário deve enfrentar a situação, pois só terá lucro sentimental”, recomenda Valter Pinto de Mello, de 70 anos, voluntário há oito meses.

Reconhecimento

Segundo a coordenadora do Escreve Cartas, Martha Siqueira, que coordena uma equipe de voluntários, o esforço traz recompensas e resultados positivos. “Com o trabalho aqui, você até se esquece dos problemas particulares. Faz muito bem. Trabalhei em empresa grande durante muito tempo e a realidade é outra”, afirma.

Como situação curiosa, Martha Siqueira tem a recordação de um atendimento marcante, quando auxiliou um compositor na redação de uma carta para divulgar músicas de um CD gravado de forma independente. A correspondência foi escrita e entregue ao usuário. Como forma de retribuição à voluntária, o artista interpretou uma música com usuários e funcionários do Poupatempo Santo Amaro como plateia.

Com a expansão dos aplicativos de mensagem instantânea pelo celular, a redação e a leitura de correspondências deram destaque para a elaboração de currículos, em que os usuários recebem três cópias para a distribuição. Contudo, a demanda por cartas permanece considerável.

Já no primeiro ano, o programa Escreve Cartas foi contemplado com o Prêmio Hélio Beltrão, no 7º Concurso de Inovações na Gestão Pública Federal. No ano seguinte, a iniciativa recebeu o Prêmio Top Social 2003. Em 2009, a ação conquistou uma menção honrosa no Prêmio Mário Covas.

  • Posto em Santo Amaro, na zona sul da capital paulista, já registrou mais de 147 mil atendimentos

Em 1985, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu a data de 5 de dezembro como o Dia Internacional do Voluntário, com o objetivo de promover ações no setor ao redor do mundo. No Estado de São Paulo, uma das iniciativas de destaque e que conta com o apoio dos voluntários é o programa Escreve Cartas, em unidades do Poupatempo.

Vale ressaltar que as correspondências são escritas nos postos de atendimento e o Poupatempo doa o selo das postagens, feitas pelos próprios cidadãos. A ação foi lançada em 21 de outubro de 2001, durante a I Semana de Solidariedade do Governo de São Paulo, sob inspiração do filme “Central do Brasil”, dirigido por Walter Salles.

No enredo, a personagem Dora, interpretada por Fernanda Montenegro, auxiliava na redação de cartas. Diferentemente do longa-metragem, o serviço é gratuito e as correspondências, escritas à mão ou digitadas no computador, realmente chegam aos destinatários. Desde a implantação, o programa realizou mais de 293 mil atendimentos, que incluem auxílio no preenchimento de formulários e elaboração de currículos. Em dezembro, a demanda aumenta para a redação das cartas de crianças endereçadas ao Papai Noel.

Requisitos

Para ser voluntário do Escreve Cartas, é necessário, além de boa caligrafia, disposição, paciência, saber guardar sigilo e manter uma postura neutra durante a redação da carta. Ao todo, cinco postos fixos do Poupatempo na Grande São Paulo têm atividades do programa: Santo Amaro, Itaquera, São Bernardo do Campo, Guarulhos e Osasco.

As unidades de Santo Amaro e Itaquera foram escolhidas em 2001 para receber a ação por causa da maior concentração, no entorno, de imigrantes e pessoas de baixa renda. Em 2008, o serviço começou a funcionar no Poupatempo São Bernardo do Campo. Atualmente, são cerca de 190 voluntários.

“No Brasil, a educação ainda é falha. Muitas pessoas, às vezes, não conseguem expressar os próprios sentimentos no papel. A procura permanece grande e os usuários chegam aqui para preenchermos formulários, por exemplo, do Detran ou do Procon”, revela Martha Siqueira, coordenadora do programa Escreve Cartas, há dez anos no programa. O posto em Santo Amaro, na zona sul da capital, tem o maior número de atendimentos até hoje, que supera a marca de 147 mil.

No local, uma demanda constante é pela elaboração de currículos, em razão do índice elevado de desempregados. Também há muitos usuários que pedem aos atendentes a redação de cartas para familiares e programas de TV, além de ajuda em reclamações sobre empresas e serviços.

Disponibilidade

A professora aposentada Maria Miranda, de 73 anos, é uma das voluntárias na unidade de Santo Amaro. Ela participa do programa há seis anos e foi convidada pela irmã, também integrante do Escreve Cartas. “O trabalho é bem interessante. Chegam aqui usuários analfabetos ou semianalfabetos. Quem se propõe a atuar tem disponibilidade e deve ser uma pessoa atenciosa. O ambiente é agradável e de cooperação. Trata-se de um grande aprendizado lidar com todos os tipos de usuário”, explica.

O sentimento de Maria Miranda é compartilhado por outros voluntários, como o servidor público aposentado Aldo Barduco. Aos 78 anos, ele enfatiza a satisfação de ajudar os usuários do Poupatempo. “Desempenho com amor as atividades porque as pessoas vivem dramas que nunca vivi. Em homenagem a isso, procuro ajudar e tenho o sentimento de gratidão, com vontade de servir”, salienta Aldo Barduco, voluntário há quatro anos.

Entre 2009 e 2018, os Estados brasileiros mais procurados para o envio de correspondências foram, respectivamente, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Ceará, Pernambuco, Minas Gerais, Bahia e Alagoas. Os atendimentos são oferecidos durante todo o período de funcionamento dos postos (de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, e aos sábados, das 7h às 13h).

“Eu me sinto muito bem ao ajudar as pessoas. Nunca tinha sido voluntário e fico na expectativa de atender usuários com problemas que eu possa resolver. Tento me colocar no lugar das pessoas. Nunca tinha feito nenhuma carta para ninguém. Quem tem intenção de ser voluntário deve enfrentar a situação, pois só terá lucro sentimental”, recomenda Valter Pinto de Mello, de 70 anos, voluntário há oito meses.

Reconhecimento

Segundo a coordenadora do Escreve Cartas, Martha Siqueira, que coordena uma equipe de voluntários, o esforço traz recompensas e resultados positivos. “Com o trabalho aqui, você até se esquece dos problemas particulares. Faz muito bem. Trabalhei em empresa grande durante muito tempo e a realidade é outra”, afirma.

Como situação curiosa, Martha Siqueira tem a recordação de um atendimento marcante, quando auxiliou um compositor na redação de uma carta para divulgar músicas de um CD gravado de forma independente. A correspondência foi escrita e entregue ao usuário. Como forma de retribuição à voluntária, o artista interpretou uma música com usuários e funcionários do Poupatempo Santo Amaro como plateia.

Com a expansão dos aplicativos de mensagem instantânea pelo celular, a redação e a leitura de correspondências deram destaque para a elaboração de currículos, em que os usuários recebem três cópias para a distribuição. Contudo, a demanda por cartas permanece considerável.

Já no primeiro ano, o programa Escreve Cartas foi contemplado com o Prêmio Hélio Beltrão, no 7º Concurso de Inovações na Gestão Pública Federal. No ano seguinte, a iniciativa recebeu o Prêmio Top Social 2003. Em 2009, a ação conquistou uma menção honrosa no Prêmio Mário Covas.


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