Só 30% dos consumidores tiveram oferta para pagamento em dinheiro

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 1 de abril de 2018 às 01:01
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:39
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Segundo pesquisa do BC, apenas 32,4% dos consumidores tiveram oferta de desconto para pagamento em dinheiro

A oferta de
descontos para pagamento em dinheiro ou cartão de débito ainda não é uma
prática na maioria dos estabelecimentos comerciais. É o que conclui um estudo,
divulgado no Relatório de Inflação, publicado na última quinta-feira, 29 de
março, na internet, pelo Banco Central (BC).

Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da
Fundação Getulio Vargas (FGV), feita a pedido do BC, apenas 32,4% dos
consumidores afirmaram que houve oferta de desconto caso o pagamento fosse
feito em dinheiro ou cartão de débito. Esse percentual aumentou para 42,6%
entre consumidores de renda mais alta.

A pesquisa foi incluída em questionários de sondagens do
Consumidor, Comércio e Serviços. Foram consultadas 1.128 empresas comerciais,
1.883 de serviços e 1.607 consumidores, em fevereiro de 2018.

A Medida Provisória nº 764 de dezembro de 2016, convertida na
Lei nº 13.455 de julho de 2017, autorizou os estabelecimentos comerciais a
oferecerem preços diferentes em função do meio de pagamento.

O pagamento feito em dinheiro ou débito reduz o custo dos
lojistas e o prazo para receber os recursos das instituições financeiras,
quando comparados com o pagamento feito com o cartão de crédito.

“Os dados revelam que parcelas importantes do comércio e do
setor de serviços não oferecem a possibilidade de desconto em função da
forma de pagamento. Esse fato indica que há potencial para intensificação da
prática de diferenciação de preços, o que potencializaria os benefícios
propiciados pela nova legislação”, afirma o BC.

De acordo com o relatório, a maioria dos consumidores (63,9%)
tem conhecimento da possibilidade de diferenciação de preços conforme o tipo de
pagamento. “Importante observar, adicionalmente, que mais de um terço dos
entrevistados respondeu que houve elevação da frequência com que o desconto foi
oferecido na comparação com o ano passado”, acrescentou o BC.

Comércio e serviços

Os resultados mostram que a prática de oferecer descontos para
pagamentos em dinheiro ou cartão de débito é mais comum no comércio, setor em
que 46,4% dos entrevistados afirmaram oferecer essa possibilidade aos clientes.

Mas há diferenças entre os subsetores. Enquanto no segmento de
material de construção, esse percentual alcança 69,5%, no segmento de hiper e
supermercados apenas 2,6% oferecem descontos. Entre os estabelecimentos que
ofereceram essa possibilidade para os clientes, 64,4% informaram que a oferta
estava anunciada. O desconto médio atingiu 8,4% e 7,1% para pagamentos em
dinheiro e cartão de débito, respectivamente, com a maior frequência de
descontos nas faixas de 2,5% a 5% e de 7,5% a 10%. Segundo o BC, o conhecimento
da legislação é amplo, na medida que 85,6% dos entrevistados admitiram conhecer
a lei.

No setor de serviços, os resultados da pesquisa sugerem que a
prática de descontos não é tão disseminada. Apenas 17,4% dos entrevistados
informaram ter oferecido essa possibilidade ao cliente, embora haja
conhecimento difundido sobre a nova legislação (73,9% tem conhecimento da lei
que permite diferenciação de preços).

Segundo o relatório, em alguns segmentos como serviços de
manutenção e reparação e serviços prestados às famílias, o percentual que
ofereceu a possibilidade de desconto atinge patamares mais altos (59,2% e
29,2%, respectivamente). O desconto médio atingiu 9,4% e 8% para pagamentos em
dinheiro e cartão de débito, respectivamente, com a maior frequência de
descontos nas faixas de 2,5% a 5% e de 7,5% a 10%, assim como no comércio.


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