Por que evitar o teste do Facebook que muda foto para gênero oposto

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 20 de fevereiro de 2018 às 23:10
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:35
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Pode parecer uma brincadeira inocente, mas app russo coleta muitos outros dados além da foto de perfil

Você já deve ter
visto – ou feito – o teste do Facebook que mostra como seu rosto seria se fosse
do sexo oposto. O aplicativo — desenvolvido pela startup russa FaceApp e
compartilhado por sites como Kueez e Viralemon — pede que os usuários façam
login com a conta do Facebook para transformar a foto do perfil: ele usa um
algoritmo para fazer mudanças no rosto, como corte de cabelo e traços, entre
outros detalhes. Pode parecer uma brincadeira inocente, mas ela está sendo
usada pela empresa por trás do app para obter dados pessoais dos usuários da
rede social.

Segundo foi apurado,
o aplicativo russo, chamado FaceApp, coleta muitos outros dados além da foto do
perfil: entre eles estão o e-mail, lista de amigos e outras fotos. Além disso,
as informações sobre os sites de internet que você visita também são coletadas
e analisadas pela empresa.

A política de
privacidade do FaceApp, porém, não detalha de que forma esses dados são usados
pela empresa e com quais outras empresas são compartilhados. “Podemos
compartilhar suas informações com empresas do mesmo grupo do FaceApp e também
com empresas que nos ajudam a prestar o serviço, além de parceiros de
publicidade”, afirma a FaceApp, em sua política de privacidade, sem
especificar o nome das empresas com quem os dados são compartilhados.

Para Eduardo
Magrani, coordenador do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro
(ITS-Rio), o problema é que os usuários brasileiros não têm o hábito de ler os
termos de uso antes de autorizar a captação de seus dados. “Muitos acham
que essas empresas coletam apenas os dados como e-mail, mas por trás disso eles
têm acessos a muito mais informações que são vendidas ou compartilhadas para
outras empresas”, diz.

E agora?

Quem já participou
da brincadeira e se arrependeu é possível excluir todas as permissões
concedidas ao aplicativo pelas “Configurações de aplicativos” do
Facebook. Mas isso não garante que a empresa já tenha armazenado suas
informações em um bando de dados. “A dificuldade é que o Brasil não tem uma
lei de proteção de dados e isso nos dá pouca segurança em relação a proteção da
nossa própria privacidade na internet. Se tal legislação existisse, inibiria
empresas com o único desejo de captar dados pessoais dos usuários”, diz
Magrani ao afirmar que mesmo estando fora do Brasil a empresa pode ser
processada no País por oferecer serviços aos brasileiros.

Frequência

Não é a primeira
vez que um aplicativo semelhante circula na rede social. No ano passado, uma
outra versão virou febre depois de permitir aos usuários testarem como seria
sua aparência quando criança ou sorrindo.

O aumento da
frequência desse tipo de jogos cria um alerta para proteção de dados pessoais.
“As pessoas precisam ter consciência que a maioria desses jogos serve,
principalmente, para coletar dados muito valiosos. Em paralelo, é preciso
pressionar para que essas companhias deixem seus termos de uso e privacidade
mais simples e informativos. Assim, o usuário poderia controlar seus próprios
dados e excluí-los se assim quiser”, diz Magrani.

Em nota, o Facebook
disse que existem regras para os aplicativos serem usados na plataforma, entre
elas normas sobre o uso de dados dos usuários. “A privacidade das pessoas
no Facebook é nossa prioridade. Qualquer aplicativo compatível com o Facebook
precisa seguir nossas políticas da plataforma, que estabelecem uma série de
regras para garantir que as pessoas tenham controle da experiência”, disse
um porta-voz da rede social.


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