Por dia, 37 crianças são vítimas de intoxicação ou envenenamento em casa

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 16 de julho de 2018 às 20:37
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:52
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Os estados que lideram os casos são: São Paulo, Rio Grande do Sul e Espírito Santo

Análise feita pela Sociedade
Brasileira de Pediatria (SBP) mostra que, em média, 37 crianças e adolescentes
(até 19 anos) sofrem os efeitos da intoxicação pela exposição inadequada a
medicamentos. Ao longo de 18 anos, foram mais de 245 mil casos de intoxicação,
dos quais 240 crianças e adolescentes não sobreviveram.

Os estados que lideram os casos de
intoxicação ou envenenamento são: São Paulo, Rio Grande do Sul e Espírito
Santo. Minas Gerais e Rio de Janeiro vêm por último. Porém, nem todas
as regiões do Brasil são avaliadas, pois só 11 estados têm centros de
monitoramento disponibilizam dados.

O estudo se baseou
em informações do Sistema Nacional de Informações Toxico-farmacológicas
(Sinitox). A presidente da SBP, Luciana Rodrigues Silva, disse
que diante dos números alarmantes, é necessário redobrar os cuidados. “Mais
da metade dos casos registrados [53%] referem-se a acidentes com crianças de um
a quatro anos de idade. Elas são naturalmente muito curiosas e querem colocar
tudo na boca, o que faz parte do desenvolvimento. Além disso, os medicamentos
da linha pediátrica possuem embalagens coloridas e cheirosas, que
estimulam os sentidos da criança”, destacou Luciana Silva.

Números

Segundo o levantamento, de todos os episódios de intoxicação
ocorridos no período de quase duas décadas – de 1999 a 2016 -, mais de 130 mil
acometeram crianças com idades entre um e quatro anos. O segundo grupo
mais atingido vai de 14 a 19 anos (42.614 casos), seguido daqueles que cobrem
de cinco a nove anos (32.668 registros) e de 10 a 14 anos (24.282).

No país, com base nos centros de monitoramento, a incidência
maior de casos desse tipo tem sido registrada, ao longo do período analisado,
nos estados de São Paulo (88.582 ocorrências), Rio Grande do Sul (47.342) e
Espírito Santo (16.806).

Em seguida, vêm os estados de Minas Gerais (13.315), e
Rio de Janeiro (11.602). Por outro lado, a mortalidade atribuída à
intoxicação foi maior na Bahia (36 óbitos); São Paulo (31); Minas Gerais (24);
Rio de Janeiro (22); e Rio Grande do Sul (18).

Subestimados

Para especialistas, os dados apurados via Sinitox estão
subestimados, pois a rede reúne apenas as informações de 33 Centros de
Informação e Assistência Toxicológicos (CIAT) localizados atualmente em 11
estados e no Distrito Federal (DF).

A presidente da SBP, Luciana Silva, alerta que é grande o número
de relatos de reações adversas que não são comunicadas às autoridades
sanitárias. Segundo ela, há situações em que essas ações são consideradas
brandas ou confundem-se com sinais e sintomas de outros problemas de saúde. “Estamos
falando de uma estatística que descobre apenas a ponta iceberg, de um problema
de proporções muito maiores, que flerta diariamente com a tragédia”, disse
Luciana Silva.

O Sinitox admite que
o número de casos de intoxicação e envenenamentos registrados nas estatísticas,
envolvendo crianças e adolescentes, tem caído nos últimos anos em decorrência
da diminuição da participação dos CIATs no monitoramento.

De acordo com o Departamento Científico de Toxicologia da SBP, a
intoxicação pode ocorrer quando as crianças e os adolescentes são submetidos à
medicação sem uma prescrição médica ou com base em conselhos de amigos ou
outros profissionais da saúde. “Mesmo com a prescrição médica é
preciso ter cuidado, pois as diferenças nas dosagens podem gerar
complicações, em especial quando a medida é feita com base em uma colher de
sopa, de sobremesa ou de café”, ressaltou a presidente da SBP, Luciana
Rodrigues Silva.


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