Pesquisa apresenta “a verdade sobre os jovens” conectados à tecnologia

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 3 de novembro de 2016 às 08:57
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:01
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McCann ouviu mais de 33 mil pessoas de 18 países, 11 mil delas entre 16 e 30 anos, segmentadas em dois grupos

Débora Nitta, vice-presidente de planejamento da WMcCann e responsável pelo estudo no país

​Com objetivo de mapear o comportamento da Geração Z (nascidos entre a década de 1990 e o ano de 2010), comparada aos Millennials (nascidos entre a década de 1980 e o ano 2000), a McCann revelou os resultados do estudo “A verdade sobre os Jovens”. 

O levantamento foi realizado globalmente pela Truth Central, divisão de inteligência e estudos proprietários da rede.

Segundo os pesquisadores, o acesso quase irrestrito à tecnologia transformou não apenas o comportamento dos jovens, mas sua maneira de encarar o que é ser adulto. 

Eles não querem que “virar adulto” seja algo permanente. Preferem que o acesso à vida adulta seja segundo a sua conveniência. 

Tornar-se adulto – “to adult”– passa a ser um verbo, não um substantivo ou adjetivo. Se antes falava-se em “nativos digitais”, hoje fala-se em “nativos do always on”, sempre conectados.

A pesquisa ouviu mais de 33 mil pessoas de 18 países, 11 mil delas entre 16 e 30 anos, segmentadas em dois grupos etários para efeito comparativo: 16 a 20 anos (Geração Z) e 21 a 30 anos (Millennials). 

Os demais 22 mil respondentes possuem idades entre 31 e 70 anos, e suas faixas etárias corresponderam ao perfil demográfico dos respectivos países.

Cenário nacional

No Brasil, 1.811 mil pessoas foram ouvidas. Dos entrevistados 669 possuem entre 16 e 30 anos, sendo 5,5% da classe AA com renda mensal doméstica acima de R$ 9.746,00, 1,1% da classe A – renda entre R$ 7.476,00 e R$ 9.745,00 –, 1,3% da classe B (renda entre R$ 5.476,00 e R$ 7.475,00), 57,9% da classe C (renda entre R$ 1.735,00 e R$ 5.475,00), 21,1% da classe D (renda entre R$ 1.086,00 e R$ 1.734,00) e 13% da classe E (até R$ 1.085,00).

Entre as mudanças comportamentais fortemente impulsionadas pela tecnologia, está o fato de os jovens brasileiros de 16 a 20 anos estarem muito mais ativamente conectados, quando comparados a outras faixas etárias. 

Eles enviam, em média, 206 mensagens por dia, versus 73 enviadas pelos usuários de internet entre 21 e 30 anos, 20 pelos que têm entre 35 e 50 anos e 17 pelos que têm entre 51 e 69 anos.

Para efeito comparativo, a média mundial de envios de mensagens entre 16 e 20 anos cai para 120 por dia, evidenciando o quão ativos os brasileiros são nas redes sociais. 

Cerca de 44% deles declaram que se expressam melhor por meio de recursos audiovisuais do que da fala ou da escrita.

Dos jovens entre 16 e 20 anos, 25% afirmam já ter recebido “nudes” ou mensagens de cunho sexual. Essa mesma faixa afirma ser socialmente aceitável alguém morar com os pais até os 31 anos – idade que se eleva para 36 anos quando aferida a média das respostas de todos os participantes da pesquisa.

Os jovens brasileiros de 16 a 30 anos também revelam alta sociabilidade ao informarem possuir 17 melhores amigos, versus os seis melhores amigos da média global. 

Além disso, quando comparados às gerações anteriores, mais focados nas liberdades individuais, vemos que os jovens atuais valorizam mais a igualdade social.

Entre 16 e 34 anos, 53% se preocupam com a questão da Igualdade Racial, 28% com o Feminismo, 21% com direitos LGBT e 10% com questões dos transgêneros. Índices que caem respectivamente para 43%, 11%, 3% e 3% em cada uma destas questões em se tratando de indivíduos a partir de 51 anos.

A despeito das novidades comportamentais, o estudo endossa o fato de que os dilemas fundamentais dos jovens não mudaram: eles ainda querem encontrar a si mesmos, sua galera e seu lugar no mundo. Porém, a maneira como essa busca se dá mudou completamente.

“Foi interessante notar que, se por um lado temos esse jovem caleidoscópico, que devido ao acesso à internet tem repertório de referências e pontos de vista infindáveis, por outro constatamos desafios e contingências que são universais e transversais, independentemente das gerações”, explica a vice-presidente de planejamento da WMcCann e responsável pelo estudo no país, Débora Nitta.

Segundo Débora, ao considerar as três dimensões da busca por identidade do jovem, é constatado que os fundamentos básicos sobre o que é ser jovem não mudaram. 

No entanto, o contexto no qual esse processo se dá e as ferramentas utilizadas nesse mesmo processo foram totalmente redefinidos.


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