Pedidos de aposentadoria são impulsionados pela reforma trabalhista

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 22 de dezembro de 2017 às 08:05
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:29
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Aumento nos pedidos com relação ao mesmo período do ano passado é de quase 10%

As idas e vindas nas tentativas do governo de aprovar a reforma da Previdência em 2017 não ditaram as discussões só em Brasília. Os pedidos de entrada de aposentadoria aumentavam ou diminuíam ao longo do ano, conforme a chance de o texto ser aprovado no Congresso sinalizava de maneira positiva ou estacionava.

Dados da Previdência Social mostram que o número de novos requerimentos cresceu sobretudo nos primeiros meses do ano, quando o governo Temer ainda dava como certa a aprovação do texto até o começo do segundo semestre.

De janeiro a outubro, foram 7,9 milhões de pedidos de benefício – um aumento de quase 10% em relação ao mesmo período do ano passado. Em outubro, a alta foi de 20% na comparação com o mesmo mês de 2016. Isso sinaliza a preocupação da população em garantir seu benefício diante da incerteza apresentada nos últimos meses.

Ansiedade

O pesquisador  e economista da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Paulo Tafner, pondera que a tendência está longe de se parecer com a corrida por novos pedidos que ocorreu em 1998, quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso aprovou mudanças nas regras da Previdência, como a criação de uma idade mínima para a aposentadoria dos servidores públicos.

De acordo com o professor da USP, José Roberto Savoia, existe um certo temor por parte da população e muitas vezes isso é exacerbado por informações falsas, já que a reforma não mexe com direitos adquiridos. Com medo, o contribuinte tenta se prevenir e acaba tomando uma decisão economicamente ruim, porque, dependendo da regra, poderia ficar mais tempo trabalhando e melhorar o valor da aposentadoria, diz ele.

A presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), Jane Berwanger, avalia que, em meio a diversas informações desencontradas, o cidadão sente medo de não conseguir se aposentar depois que a reforma passar. 

Parte do problema se deve ao modo como o governo tratou o tema, diz ela. Ainda de acordo com Jane, o governo adotou um discurso de catástrofe para convencer a população, mas o efeito foi contrário. Ele errou na mão na propaganda e na reforma.


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