“Para uma safra 2018 razoável, é preciso chuvas regulares”, diz Carvalhaes

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 10 de outubro de 2017 às 17:21
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:23
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Escritório Carvalhaes, em matéria publicada no site Cafepoint, faz uma analise do clima-safra

No último final de semana e nos primeiros dias desta semana tivemos chuvas de regulares a boas em praticamente todas as regiões produtoras de café do sudeste brasileiro. Agora o tempo voltou a ficar quente e seco. Nos próximos dias teremos a abertura de floradas e como boa parte dos cafezais perdeu um considerável volume de folhas com a seca e calor, as flores aparecerão melhor e darão um belo espetáculo para os fotógrafos. 

Foto: Café Editora
                   

Apenas o espetáculo será bonito. Como os cafeeiros estão debilitados e com menos folhas que o normal, parte da florada será perdida. Os agrônomos alertam que a possibilidade de uma safra excepcional, recorde, está afastada. Para que tenhamos uma safra 2018 razoável, necessitaremos de chuvas regulares daqui para frente, além de bons tratos nos cafezais, com fertilização e aplicação de defensivos em volumes e datas indicadas pelos técnicos. O trato correto é sempre necessário, mas este ano, com uma grande porcentagem de cafeeiros debilitados por três anos de chuvas irregulares e insuficientes, os tratos culturais são de extrema importância para que a florada vingue e se transforme em frutos. Os defensivos evitarão que pragas como a ferrugem e a broca se alastrem nos cafeeiros debilitados.

Lógico que sem chuvas regulares nada disso será suficiente. Os tratos culturais corretos significarão aumento de custos para os cafeicultores em um ano de safra de ciclo baixo, com preços praticados pelo mercado que não refletem o cenário acima descrito. Os custos dos combustíveis estão altos, fora da realidade. Foram reajustados para que a população pague a conta dos desvios e da corrupção na Petrobrás. Os reservatórios das hidroelétricas estão bastante baixos com a longa seca e o governo federal já comunicou que o preço da energia elétrica será reajustado. 

Esse quadro ajuda a explicar a resistência dos cafeicultores em vender nas bases de preço oferecidas pelos compradores. Colheram uma safra de ciclo baixo, menor ainda do que esperavam no início da colheita, já sabem que a do próximo ano, de ciclo alto, não será muito maior que a deste ano e isso se as chuvas caírem regularmente nos próximos meses. 

Se venderem nos preços atuais não terão como enfrentar as despesas dos cafezais, da propriedade e pessoais. Os embarques brasileiros continuam baixos e os de setembro, que devem ser divulgados no início da próxima semana, deverão ficar em volumes próximos aos de agosto. 

Os estoques governamentais zeraram e os lotes de safras remanescentes são poucos nesta altura do ano e estão em mão de produtores mais capitalizados. Como a safra que colhemos foi de ciclo baixo, o resultado dos embarques tanto neste ano calendário como no ano safra 2017/2018 não poderão mesmo ser excepcionais, provavelmente ficarão abaixo de 33 milhões de sacas. 

Depois de seguidas baixas, as cotações em Nova Iorque trabalharam na última quinta-feira (05) e sexta (06) com boas altas e o balanço da semana foi positivo, com ganhos de 195 pontos nos contratos com vencimento em dezembro próximo. Os preços no mercado físico melhoraram um pouco e o interesse comprador aumentou. Os cafeicultores continuam longe do mercado aguardando preços melhores e mais realistas. 

Até o dia 3, os embarques de setembro estavam em 1.855.132 sacas de café arábica, 22.299 sacas de café conilon, mais 208.870 sacas de café solúvel, totalizando 2.086.301 sacas embarcadas, contra 1.868.264 sacas no mesmo dia de agosto. Até o mesmo dia 3, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em setembro totalizavam 2.431.648 sacas, contra 2.579.587 sacas no mesmo dia do mês anterior. 

Até dia 05, os embarques de outubro estavam em 254.733 sacas de café arábica, mais 19.217 sacas de café solúvel, totalizando 273.950 sacas embarcadas, contra 206.879 sacas no mesmo dia de setembro. Até o mesmo dia 28, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em outubro totalizavam 522.546 sacas, contra 402.880 sacas no mesmo dia do mês anterior. 

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 29, sexta-feira, até o fechamento da sexta-feira 6, subiu nos contratos para entrega em dezembro próximo 195 pontos ou US$ 2,58 (R$ 8,15) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam no dia 29 a R$ 536,10 por saca, e dia 6, a R$ 543,06 por saca. Ainda no dia 06, nos contratos para entrega em dezembro, a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 280 pontos.

(Publicado no site Cafepoint)


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