Consultas pelo SUS em Franca fazem pacientes esperar meses em filas

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 8 de agosto de 2018 às 12:45
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:55
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Secretaria de Saúde diz que tenta suprir a carência de médicos com a realização de concursos

Há cinco meses, a sapateira
Ana Cláudia Ribeiro Garcia recorreu à Unidade Básica de Saúde (UBS) do Jardim
Guanabara, em Franca, para agendar uma consulta com um ginecologista. Com um
nódulo no seio, recebeu a informação de que não havia data disponível e foi
orientada a procurar atendimento em outras unidades.

Após várias negativas, decidiu
pagar para passar por um especialista. “Eu tive que pagar uma consulta, mesmo
estando desempregada. Eu também tive que pagar os exames, porque quando eu vim
pedir para eles marcarem, eles disseram que, como eu tinha feito a consulta no
particular, tinha que ser tudo no particular.”

O problema é enfrentado pela
caixa Dulcelene Aparecida da Silva, que há seis meses tenta um agendamento com
um ginecologista. Segundo a moradora, apenas gestantes são atendidas nos postos
de saúde. “As recepcionistas falam para você tentar um encaixe, mas você chega
aqui meio-dia e eles fazem um ou dois encaixes. Então, você perde tempo e passa
raiva. Eu vou continuar esperando, porque eu não tenho o que fazer. Não tenho
condições de pagar.”

Sem
se identificar, uma funcionária confirma que os atendimentos não são feitos nos
postos. Segundo ela, apenas uma médica, que mora em Ribeirão Preto, realiza
atendimentos na unidade às quartas-feiras. “Não estamos marcando, a gente manda
o nome para a Secretaria e eles distribuem. A demanda é maior do que o número
de médicos. Aqui tem muita procura. Demora um mês a um mês e meio para marcar”,
diz.

No bairro Vila Sebastião, a
situação é a mesma. A cozinheira Maria Aparecida de Souza Pasti esteve na
unidade para agendar consultas para ela e para a filha com um ginecologista,
mas recebeu a resposta de que é preciso aguardar. “Faz tempo que eu e minha
menina estamos precisando e não tem vaga. A recepcionista pediu para eu deixar
um telefone. Quando tiver médico ela liga, mas vai saber quanto vai ter vaga.”

Saúde mental

Mãe de um filho com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
(TDAH), a supervisora de vendas Kelly Cristina Lucas diz que apenas dois
psicólogos e um psiquiatra infantil atuam na cidade inteira para cuidar de
crianças com a doença. As consultas no Núcleo de Atendimento à Infância e
Adolescência (NAIA) podem levar até seis meses para serem realizadas e os
acompanhamentos são feitos em grupos.

“Se uma criança surta agora, eu não tenho para onde levá-la, porque o
médico do NAIA vem uma vez por semana. Já aconteceu comigo de chegar no Janjão para
buscar a psiquiatra infantil e não tem. Ficamos muito sozinhos. É imediata a
necessidade de mais cuidadores.”

Prefeitura

Procurada, a Secretaria de Saúde de Franca informou que busca
meios de suprir a carência de especialistas com concursos e comprando
procedimentos em situações emergenciais.

Ainda
segundo a Secretaria, os pacientes devem entrar em contato com a Ouvidoria,
pelo e-mail na [email protected],
para que os encaminhamentos sejam feitos conforme cada situação.


+ Saúde