Osteoporose atinge 10 milhões de brasileiros, de acordo com a OMS

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  • Publicado em 25 de abril de 2017 às 11:30
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:10
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Projeções estimam que nos próximos 10 anos o número de fraturas de quadril atinja 140 mil pessoas

A
osteoporose atinge dez milhões de brasileiros, de acordo com a Organização
Mundial da Saúde (OMS). É uma doença silenciosa e descoberta, normalmente,
quando ocorre uma fratura, seja ela de forma espontânea ou por pouco impacto. A
dor está diretamente associada ao local lesionado ou ao desgaste ósseo. A
coluna vertebral, o quadril e o punho são os locais prevalentes de lesão.

Dados da
International Osteoporosis Foundation (IOF) apontam que a doença atinge mais de
duzentos milhões de mulheres e causa quase nove milhões de fraturas anualmente
no mundo, o que equivale a uma fratura a cada três segundos. Segundo a
Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), as projeções estimadas para os
próximos dez anos revelam que se espera que o número de fraturas de quadril
osteoporóticas por ano (atualmente, 121.700 fraturas anuais) atinja 140 mil
pessoas por ano até 2020.

Na maioria
dos casos, a osteoporose é uma condição relacionada ao envelhecimento e pode
manifestar-se em ambos os sexos, mas as mulheres são as maiores acometidas: uma
em cada três, acima de 45 anos de idade, tem osteoporose. A incidência da
doença pode variar de 14% a 29% em mulheres acima de 50 anos de idade e chegar
até 73% em mulheres acima de 80 anos de idade. Em mulheres acima de 50 anos de
idade, o risco de fratura do colo do fêmur é de 17,5% e da coluna, de 16%. A
presença de uma fratura vertebral dobra o risco de futuras fraturas vertebrais.

As
principais causas são deficiência de cálcio, envelhecimento e menopausa,
doenças (autoimunes, por exemplo) ou medicamentos (como cortisona e
anticonvulsivantes).

Osteoporose não atinge apenas os idosos

“Osteoporose é uma doença de velho”. Durante muito tempo, esta crença impediu que a população tivesse acesso a informações e ao tratamento apropriado da doença.

Na verdade, cerca de 85% dos homens e 70% das mulheres que têm osteoporose sofrem com fraturas, mas desconhecem que possuem a doença. A nutrição deficiente em cálcio e vitamina D é uma das grandes responsáveis pelo problema. Esses dados constam do estudo Brazos (Brazilian Osteoporosis Study), uma ampla pesquisa sobre a osteoporose no Brasil.

A osteoporose é a doença óssea mais comum em homens e mulheres, após a quinta década de vida. Pode surgir antes, mas o seu desenvolvimento é mais comum com o avançar da idade.

Apostar na orientação e na disponibilização de informações sobre a doença é muito importante. “É papel do médico esclarecer e alertar seus pacientes sobre a osteoporose, sob risco de abandono do tratamento”, avisa o reumatologista Sérgio Bontempi Lanzotti.

Menopausa

As quedas de pessoas com mais de 60 anos assumiram dimensão de epidemia no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

No ano passado, o SUS contabilizou R$ 57,6 milhões de gastos com internações de idosos.

Em 2006, o total foi de R$ 49 milhões. As mulheres representam a maioria de idosos internados porque têm uma massa óssea menor e sofrem os efeitos da menopausa.

Já a osteopenia é a redução progressiva do cálcio dos ossos, que ao evoluir para graus maiores de gravidade leva à osteoporose.

Ocorre por diversas causas. As mais frequentes são o climatério e a progressiva redução do hormônio feminino; o uso contínuo de alguns tipos de medicamentos; o alcoolismo; a imobilização prolongada; e algumas doenças reumatológicas e endócrinas. Sem contar os fatores hereditários.

Com os tratamentos disponíveis, atualmente, estima-se que seja possível elevar a qualidade de vida e prevenir em até 75% as fraturas vertebrais e até 50% as fraturas não vertebrais, incluindo o fêmur, que tem maior taxa de mortalidade (25 a 30%).

Absorção de cálcio

Cada vez mais, a osteoporose tem chamado a atenção de diferentes especialidades médicas e se torna muito importante o diagnóstico correto para abordar a doença.

“Devemos nos preocupar em preservar a qualidade de vida do paciente, tratando o problema, buscando novos tratamentos e, sobretudo, o diagnóstico precoce”, defende Lanzotti.

A alimentação é uma arma poderosa no combate à osteoporose. Ela garante um aporte adequado de cálcio para a mineralização óssea durante praticamente toda a vida.

Após a menopausa, a redução do hormônio feminino causa a perda de cálcio e pode haver necessidade de suplementação do mineral. Além disso, em ambos os sexos, há uma progressiva redução na absorção de cálcio com o avançar da idade e a suplementação deste mineral pode prevenir a perda óssea e aumentar a densidade mineral óssea.

“Entretanto, se já houver osteoporose manifesta, essa medida deve se associar ao uso de medicamentos para evitar a perda progressiva ou até mesmo propiciar o ganho de massa óssea”, explica o especialista.

Densitometria óssea

Os exercícios de carga são efetivos para manter ou aumentar a densidade mineral óssea na coluna lombar e no quadril.

As recomendações médicas incluem também caminhadas, exercícios aeróbicos de pequeno e médio impacto e de resistência, quando tolerados.

Exercícios regulares também aumentam a massa e a força muscular, melhoram a coordenação e o equilíbrio e têm sido responsáveis pela redução em 25% do risco de quedas em idosos.

No entanto, o reumatologista alerta que os exercícios que não utilizam a força da gravidade, como os realizados na água – hidroginástica e natação – apesar de muito bons para o condicionamento físico e cardiovascular não são benéficos para a prevenção e o tratamento da osteoporose.

O controle da doença é feito por meio de exames laboratoriais e da densitometria óssea, que consegue medir exatamente a quantidade de cálcio perdida e a evolução da recuperação óssea.

“Apesar da possibilidade do tratamento da osteoporose, a prevenção ainda é o melhor remédio”, conclui Sérgio Bontempi Lanzotti, especialista em densitometria óssea pelo Colégio Brasileiro de Radiologia.


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