​Os segredos escondidos na saída de Sebastião Ananias do governo Gilson de Souza

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 23 de fevereiro de 2017 às 09:09
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:07
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A verdadeira história da união de
Sebastião Ananias com Gilson de
Souza e sobre sua exoneração

Gilson de Souza entrou nas eleições sabendo que não tinha chance de vencer. Mas era importante para ele ficar em evidência para se candidatar a deputado estadual em 2018 com chances de se eleger.

As coisas foram dando errado e Gilson mantendo os votos que sempre teve em Franca. Aliás, teve menos votos que em pleitos anteriores. Mas Sidnei Rocha também ajudava os outros candidatos.

Além disso, teve um conjunto de fatores que influenciou o processo eleitoral. Pela primeira vez nos últimos anos, Gilson de Souza não tinha o apoio do jornal: o candidato apoiado era Sidnei Rocha. 

E para quem não acredita, há a maldição dos 20 anos, que ocorre sempre que o ano termina em 6 (seis). 

Vamos lá: em 1956, o candidato Antonio Baldijão Seixas era o preferido dos francanos. Pois, de repente aparece Onofre Gosuen, que com os votos da Estação vence o favorito. 

Em 1976, Onofre Trajano ou Aníbal Vilela Moreira eram os preferidos da população. Eis que Maurício Sandoval Ribeiro vence a eleição em todas as urnas da cidade sem ter gasto dinheiro na campanha. Vinte anos mais tarde, Gilmar Dominici, um azarão, vence o próprio Gilson de Souza e o dr. Joaquim Pereira Ribeiro, saindo do último lugar. 

2016 reservaria outra surpresa? 

Pois reservou. Sidnei Rocha, com mais de 70 por cento de apoio, foi caindo ao longo da campanha e não conseguiu resolver o pleito no primeiro turno. Gilson de Souza terminou o primeiro turno com 34.976 votos, enquanto Sidnei teve 69.902 votos. 

Foi quando Gilson recebeu o apoio de todos os adversários e de algumas pessoas formadoras de opinião e, com isso, conseguiu virar e ser eleito. De 34.976 votos no primeiro turno, Gilson pulou para 90.817. 

Foram 55.841 votos a mais. A soma é maior do que o total dos demais candidatos no primeiro turno, excluído Sidnei Rocha. Foi fundamental nesse processo, a tomada de posição de Sebastião Ananias, reconhecidamente um administrador capacitado e que fez muita gente virar o voto para Gilson de Souza, depois que deu um depoimento na televisão.

A questão é que Ananias é um homem que peca por não fazer política. Ele é cartesiano demais: se está na lei pode, se não está na lei, não pode. Com mais de 30 anos de vida pública, tem os mesmos bens que tinha quando entrou.

Acorda cedo e sabe trabalhar, mas não sabe fazer política. Gilson de Souza deve, sim, sua eleição para ele. De nada valeria a campanha nas ruas ou nas redes sociais sem a adesão de Sebastião Ananias.

É que o mercado publicitário chama hoje de reputação. Não se faz mais propaganda de produtos ou serviços. Projeta-se a reputação ou um conceito. E a reputação de Sebastião Ananias foi o suficiente para catapultar Gilson de Souza. 

Entre o primeiro e o segundo turno, uma reunião e um aperto de mão definiu como seria o governo Gilson de Souza. Como numa composição musical, um faria a letra e outro faria a melodia. 

Sebastião Ananias ficou responsável pela letra e Gilson de Souza pela melodia, ou pelo ritmo. Traduzindo: como Gilson não tem experiência de Executivo, Ananias tocaria a máquina administrativa. 

Gilson faria o que sempre fez: política. Sebastião Ananias acreditou e fez a escolha de nomes técnicos para o governo. Deixou o segundo e o terceiro escalão para Gilson de Souza nomear os aliados e o que mais fosse preciso. 

E os primeiros dias de Gilson de Souza foram uma balbúrdia, que nem Sebastião Ananias deu jeito. Os que foram sendo escolhidos e nomeados por Gilson para o seu entorno imediato tropeçavam na falta de planos e na falta de conhecimento. E, além disso, começaram as articulações por interesses.

Influenciável, Gilson de Souza foi convencido por seus próximos, que tinham outros interesses, de que Sebastião Ananias tinha poder demais. A coisa chegou ao extremo de Gilson dizer que os estilos não eram os mesmos. Seu entorno praticamente exigiu a saída de Ananias. 

O ex-secretário de Finanças e de Administração diz que vai falar os nomes que puxaram o seu tapete e os que fizeram maldades administrativas enquanto esteve afastado por conta de uma cirurgia de catarata. 

É bobagem das grandes pensar que o governo Gilson de Souza vai seguir o mesmo diapasão sem Ananias. Vão sobrar problemas, vão se acumular as manifestações do Ministério Público, com as suas costumeiras providências.

A administração Gilson de Souza não tem programa de governo, não tem planejamento e nem controle. Tem pessoas nomeadas que ainda não apareceram nas devidas repartições para assumir. 

Outras, nomeadas para determinados cargos, já foram remanejadas para outras funções. A melodia desandou, atravessou, a música ficou feia e a população tenta não se desesperar. 

Mas o que aguarda a cidade daqui para frente não é nada alvissareiro. Na verdade, Gilson de Souza está com a caneta da história em suas mãos.

Com ela, ele pode escrever a mais bela história de sucesso, como pode também escrever a mais trágica e horripilante história de fracasso.


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