Observatório diz que é ruim a transparência em compras feitas em Franca

  • Joao Batista Freitas
  • Publicado em 6 de agosto de 2020 às 12:15
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 21:04
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A cidade obteve 26,5 pontos, o que revela um nível ruim de transparência nas contratações emergenciais

OSBFranca também disponibiliza uma ferramenta pela qual é possível que os cidadãos pressionem a administração pública por melhorias na transparência de seus dados

O Observatório Social do Brasil – Franca lançou nesta quinta-feira uma avaliação do nível de transparência no combate à COVID-19 em Franca. 

A cidade obteve 26,5 pontos, o que revela um nível ruim de transparência nas contratações emergenciais.

A metodologia foi desenvolvida pela Transparência Internacional – Brasil para o Ranking de Transparência no Combate à COVID-19 com o objetivo de identificar e promover as melhores práticas de transparência nas informações referentes às contratações emergenciais realizadas em resposta à pandemia.

A escala vai de zero a 100 pontos, na qual zero (péssimo) significa que o ente é avaliado como totalmente opaco e 100 (ótimo) indica que ele oferece alto grau de transparência.

A avaliação lançada hoje pelo Observatório Social do Brasil – Franca oferece um instrumento adicional para que a sociedade, a imprensa e os próprios órgãos de controle monitorem as respostas do poder público ante a crise.

A avaliação também tem como metas estimular o poder público a promover continuamente a transparência de suas ações e reconhecer o bom trabalho realizado por algumas prefeituras.

Para isso, o OSBFranca também disponibiliza uma ferramenta pela qual é possível que os cidadãos pressionem a administração pública por melhorias na transparência de seus dados.

Critérios – Os critérios de avaliação do ranking basearam-se no guia de Recomendações para Transparência de Contratações Emergenciais em Resposta à COVID-19 que foi produzido de forma conjunta pela Transparência Internacional – Brasil e pelo Tribunal de Conta da União (TCU).

A Lei Federal n. 13.979/2020 – que regulamentou as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente da pandemia do coronavírus – já exige transparência das chamadas contratações emergenciais.

Na construção da metodologia de avaliação, a Transparência Internacional definiu critérios objetivos para avaliar em que medida essa divulgação de informações acontece da forma clara, fácil e acessível.

Por esse conceito, não basta disponibilizar informações na internet se elas se encontram, por exemplo, dispersas, incompletas e, principalmente, escondidas em páginas com pouca visibilidade. Hoje em dia, uma das questões consideradas essenciais é a adequação dos portais para que possam ser “legíveis por máquinas”.

Em outras palavras, “robôs” de programação usados por acadêmicos, especialistas da sociedade civil e jornalistas de dados precisam encontrar um caminho livre para colher, de forma automatizada, as informações necessárias – indo ao encontro do bom uso da tecnologia para promover a transparência e o controle social.

Por fim, além da “transparência ativa”, a metodologia também avalia o quanto os entes públicos se esforçam para criar canais para escutar a sociedade neste momento excepcional.

Dessa forma, foram avaliados também os canais para recebimento de denúncias e de pedidos de acesso à informação.

Os itens avaliados pela metodologia são práticos e realistas. São avaliados elementos mínimos que devem ser atendidos para que a sociedade possa monitorar os gastos públicos que têm sido realizados em resposta à pandemia.

A transparência neste momento é essencial e o melhor remédio para prevenir o desperdício e a corrupção. O trabalho da sociedade de avaliar a transparência no combate à COVID-19 em suas cidades contribui para reduzir o risco de corrupção.

DESEMPENHO

– “A baixa nota obtida pela Prefeitura de Franca evidencia um problema recorrente de falta de transparência das informações públicas no Município e confirma a relevância das nossas reivindicações para facilitar o acesso e melhorar a qualidade das informações prestadas, garantindo à população seu direito de acompanhar e fiscalizar os gastos públicos”, afirma Dorival Mourão Filho, presidente do OSBFranca.

“Facilitar compras e contratações para combater o COVID-19 não significa abrir mão da transparência. Nesse momento, em que cada centavo gasto faz a diferença, o nível de transparência das contratações emergenciais precisa melhorar.”

A boa prática de dar ampla publicidade aos dados relacionados a contratações emergenciais em resposta à COVID-19 não elimina a possibilidade de entes públicos estarem eventualmente envolvidos em denúncias de corrupção.

A própria facilidade de acesso por parte da imprensa, sociedade civil e órgãos de controle a essas informações cria oportunidade para que casos suspeitos venham à tona – e virem notícia.

Ao mesmo tempo, é comum que governos envolvidos em escândalos de corrupção reajam com melhorias de transparência, quer seja para prevenir que o problema volte a ocorrer, quer seja pela razão menos nobre de melhorar sua imagem.

A Transparência Internacional recomenda às administrações públicas que ainda não possuem uma boa pontuação maior empenho na melhoria de suas práticas de transparência. Já às que alcançaram um bom posicionamento, a orientação é que continuem a aprimorar seu trabalho: sempre é possível promover maior clareza, agilidade e facilidade na divulgação dessas informações.

OBSERVATÓRIO 

O OSBFranca atua no monitoramento das licitações municipais e da produção legislativa, assim como na inserção de empresas locais nas compras públicas, construção dos Indicadores da Gestão Pública e em ações de educação para a cidadania.

O objetivo é contribuir para o fortalecimento do controle social e disseminação da cultura da cidadania em favor de um país “Área Livre de Corrupção”. 

Democráticos e apartidários, os Observatórios Sociais – OS estão presentes em mais de 150 cidades de 17 estados brasileiros e já conseguiram, nos últimos 4 anos, pela atuação de mais de 3 mil voluntários, uma economia estimada em R$ 3 bilhões nas compras públicas.


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