O poder da amizade na infância: socialização deve ser estimulada pelos pais

  • Entre linhas
  • Publicado em 23 de agosto de 2018 às 11:15
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:57
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Os laços criados na infância são considerados imprescindíveis para o amadurecimento social

Alguns dos laços mais profundos começam na infância, podem ser imprescindíveis no amadurecimento social e são carregados por toda a vida. Vários pais conhecem o termo como socialização, razão pela qual muitas famílias colocam seus filhos em escolas ainda no maternal.

Por isso, a psicopedagoga Maria Marta Flores ressalta ser essencial proporcionar o convívio desde cedo com outras crianças e ensinar o valor de se ter um amigo. “Assim, elas acessam novas emoções e desenvolvem as relações afetivas”, afirma. É exatamente dessa forma que pensa a funcionária pública Milena de Souza, 35 anos.

Desde que seu filho Pedro, sete anos, estava no maternal, ela fez questão de estimular a convivência com outras crianças. “Esse processo foi tão importante que os laços de amizade construídos desde essa época continuam até hoje entre nós, pais, e as crianças. Pedro tem seus melhores amigos desde bebê e com eles tem aprendido conceitos importantes para a vida”, pondera Milena.

Segundo Maria Marta, a amizade faz com que os pequenos aprendam a conviver com os outros, a dividir brinquedos, a lidar com diferenças, a criar empatia e respeito pelo próximo. Eles também passam a entender, na prática, o conceito de colaboração. “São habilidades socioemocionais importantes para a sobrevivência no século 21 e que podem fazer diferença no futuro.”

Interferir ou não?

Sobre a tendência de as famílias optarem por filhos únicos e o fato de as crianças viverem cada vez mais em apartamentos – perdendo um pouco do hábito de se brincar na rua – ela esclarece que isso não atrapalha a criação dos vínculos. “É papel dos pais incentivar as amizades em qualquer dos ambientes que o pequeno frequente, seja na pracinha, na escola, na própria família – na figura dos primos e dos filhos de amigos”, diz a psicopedagoga, acrescentando que o pai e mãe devem ter participação ativa neste processo.

Uma das formas é dar o exemplo, convivendo com frequência com seus próprios amigos e os valorizando. Abrir sua casa para receber a garotada, tomar a iniciativa de criar programações e deixar que seu filho também visite os amigos são outras dicas preciosas. “Amigos próximos são bases emocionais maravilhosas para crianças porque geram um senso de segurança, ensinando o que é empatia e oferecendo a chance de aprender possibilidades de solucionar conflitos,” reforça.

E o que fazer quando os amigos brigam? Maria Marta não aprova o velho hábito do “vamos dar as mãozinhas e fazer as pazes”. Conforme ela, os pais até podem intervir nos desentendimentos, mas de modo reservado e com muita delicadeza. “Nesta hora, é preciso se colocar no lugar da criança para, só então, provocar sua autocrítica dos motivos que levaram à briga.”

E nunca é demais lembrar: quantidade não é qualidade. A psicopedagoga destaca que o mais importante é estimular relações harmoniosas e respeitosas. “Em tempos em que a contabilidade de amigos virou algo banal, por conta das redes sociais, é básico que os pais deixem claro o que importa realmente: a força dos laços fraternais e de amizade e não o número deles”, conclui.