Mudanças climáticas impulsionam doenças como a dengue e cólera

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 9 de dezembro de 2018 às 13:47
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:13
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Calor causado pelas alterações no clima já afetam diretamente a transmissão de doenças como dengue e cólera

As ondas de calor extremo causadas
pela mudança climática já afeta a transmissão de doenças, o fornecimento de
alimentos e a produtividade, alertou pesquisa baseada num relatório do qual
participou a Organização Mundial de Saúde (OMS).

O relatório final apontou que as
mudanças climáticas já observadas no planeta estão favorecendo a propagação da
dengue e do cólera.

Nos Estados Unidos, casos de doenças
transmitidas por mosquitos, pulgas e carrapatos, como a Doença de Lyme e o
Vírus do Oeste do Nilo, triplicaram entre 2004 e 2016, segundo os Centro de
controle de doenças (CDC). “Nós não podemos atrasar as ações sobre a mudança
climática. Não podemos mais cochilar nessa emergência de saúde”, afirmou o
diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Pequenas mudanças nas temperaturas e
nas chuvas são suficientes para espalhar doenças infecciosas, segundo o estudo.
A capacidade e força do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue,
zika e chikunguhya, aumentou nas últimas décadas. A disseminação do vírus da
dengue, por exemplo, cresceu 7,8% desde os anos 1950 e bateu recorde de contaminação
no mundo em 2016.

A professora de Saúde Global da
Universidade de Washington Kristie Ebi afirmou que a disseminação geográfica do
mosquito do Aedes aegypti aumentou “dramaticamente com as temperaturas mais
altas”.

O aumento da disseminação da bactéria
causadora do cólera e outras doenças, a Vibrio, foi igualmente observado pelos
pesquisadores. Nos Estados Unidos, houve crescimento de 27% das áreas costeiras
do país vulneráveis às infecções por Vibrio entre os anos 1980 e 2010. “Nós não
podemos ignorar essas mudanças que estamos vendo”, disse Gina McCarthy,
diretora do Centro para Clima, Saúde e Meio Ambiente Global da Escola de Saúde
Pública da Universidade de Harvard.

O diretor-executivo do The Lancet
Countdown, Nick Watts, sublinhou que isso não é algo a acontecer apenas em
2050, mas que “já está sendo visto hoje”. Desde a semana passada, estudos
divulgados pelo governo dos Estados Unidos e pela Organização das Nações Unidas
chamam a atenção para os impactos da mudança climática e a necessidade de
reforçar os compromissos dos países de redução de suas emissões dos gases do
efeito estufa.

O estudo do The Lancet Countdown
apontou um aumento de 157 milhões no grupo de pessoas expostas às ondas de
calor entre 2000 e 2017. Mais de 153 bilhões de horas de trabalho foram
perdidas devido ao calor extremo. O calor prejudica a saúde pela insolação e
desidratação e pode levar a doenças cardíacas e a problemas mentais. Também
piora as condições de poluição do ar, com consequências para a saúde.

Os idosos da Europa e do Mediterrâneo
Ocidental são as mais vulneráveis. De acordo com o estudo, 42% dos europeus com
mais de 65 anos de idade já estão expostos ao calor extremo, assim como 43% da
população com a mesma faixa etária do Mediterrâneo Ocidental. Na África, 38%
desse mesmo grupo já está vulnerável e, na Ásia, 34%.


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