Morango ajuda a combater infecções gástricas e câncer de estômago

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 2 de julho de 2018 às 02:19
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:50
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Estudo desenvolvido na Universidade de Coimbra, em Portugal, por uma equipe de especialistas em Farmácia

A folha do morangueiro
silvestre tem benefícios múltiplos para a saúde, concluiu um estudo
desenvolvido na Universidade de Coimbra, em Portugal.

O extrato de
folhas de morangueiro silvestre (Fragaria vesca), em especial uma fração
purificada rica em elagitanina, apresenta elevado potencial para combater
infecções provocadas por Heliobacter pylori (H.pylori), uma bactéria que está
associada a múltiplas patologias gástricas e alguns tipos de câncer do
estômago, afirma numa nota a Universidade de Coimbra (UC), baseada nos
resultados preliminares de um estudo desenvolvido na instituição.

A investigação está
sendo feita por uma equipe de especialistas das faculdades de Farmácia (FFUC) e
de Medicina (FMUC). Tendo como objetivo avaliar a atividade da bactéria anti-H.pylori de diversos extratos de plantas, a investigação evidenciou igualmente
que “o extrato da agrimônia (Agrimonia eupatoria L.), uma planta da
família das Rosaceae, é também um bom candidato para a terapêutica desta
bactéria que se aloja no estômago do ser humano, afetando cerca de 50% da
população mundial”.

Embora muitos dos indivíduos
não cheguem a desenvolver doenças associadas ao Helicobacter pylori,
quando isso acontece, os tratamentos disponíveis atualmente são muito
agressivos, exigem a administração de
“três antibióticos simultaneamente, associados a um protetor gástrico (inibidor
da bomba de protões), durante duas semanas”, explica Maria Manuel Donato, investigadora da FMUC e coordenadora da investigação.

Trata-se de
“uma terapêutica muito agressiva, com diversos efeitos secundários, o que
leva a que facilmente as pessoas abandonem o tratamento antes do seu fim, com
tudo o que isso implica, como o aumento da resistência a
antibióticos”, acrescenta a coordenadora do estudo, que já foi publicada
no Journal of Functional Foods.

É importante, por
isso, “investigar o efeito antibacteriano de
extratos de plantas como alternativas terapêuticas e/ou complementares do
tratamento”, afirma a profissional.

Os resultados
obtidos neste estudo, “apesar de preliminares,
abrem caminhos para o desenvolvimento de novos fármacos, sustenta Maria
Manuel Donato, indicando que “os extratos de Agrimonia eupatoria L. e de
Fragaria vesca mostraram efeito anti-H. pylori, independente da virulência e da
resistência aos antibióticos apresentada por esta bactéria, com o extrato das
folhas de morango a ser o mais ativo e a respectiva fração enriquecida em
elagitanina a mais eficaz contra a bactéria”.

Nas experiências
realizadas em linhas celulares gástricas — em denominados isolados clínicos de
Helicobacter pylori — com diferentes perfis de resistência aos antibióticos e
de virulência, a equipe de especialistas conseguiu “determinar a
concentração adequada de cada extrato para inibir a bactéria”, adianta a
UC.

Este trabalho
científico surgiu na sequência de um estudo epidemiológico sobre Helicobacter
pylori, realizado pelo grupo ao qual pertence Maria Manuel Donato, em
colaboração com o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

Os
extratos foram fornecidos pela docente e investigadora Teresa Batista, do
Laboratório de Farmacognosia da Faculdade de Farmácia da Universidade de
Coimbra.


+ Ciência