Mais de 60% dos jovens e adolescentes consomem álcool, revela pesquisa

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 12 de março de 2018 às 02:04
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:37
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Segundo especialista, as chances desses indivíduos se tornarem dependentes é de 100%

De acordo com uma pesquisa realizada pela rede de escolas de informática Microcamp, o resultado reforça o que estudos mundiais estão apontando:
adolescentes e jovens estão consumindo bebida alcoólica cada vez mais cedo e numa quantidade cada vez maior.

Uma das consequências é que eles têm 100% de chance de desenvolver uma
relação de dependência com a droga, conforme o professor e sociólogo Roberto Geraldo da Silva, fundador e presidente da Comunidade Terapêutica Esperança e Vida, para dependentes químicos em Campinas, aponta.

A partir do resultado da pesquisa, a Microcamp consultou o especialista para fazer uma palestra sobre o tema para os alunos da escola. “A consequência do consumo  por menores é uma tragédia, porque o córtex cerebral de uma criança e adolescente não está formado. Isso só acontece aos 21 anos, por isso muitos países proíbem o consumo de bebida alcoólica antes dessa idade”, avalia Roberto.

A Microcamp entrevistou 2.788 de seus alunos, em todo o Brasil, com idade entre 11 e 24 anos, com formação escolar de diversos níveis, sendo a maioria (61,7%) do ensino fundamental II, de ambos os sexos, com maior participação do público masculino (53,9%). A pesquisa foi realizada no período de 15 a 21 de fevereiro e apontou que 62,3% dos entrevistados já fizeram uso de bebida alcoólica. Isso, apesar da maioria dos pesquisados (71,3%) considerar o álcool uma droga perigosa, causar prejuízo à saúde (70,2%), e boa parte (30,3% sim e 40,7% talvez) acreditar também ser uma porta de entrada para as demais drogas.

As estatísticas são estarrecedoras, segundo Roberto: “São 3.300 milhões de mortes por ano no mundo decorrentes do consumo de bebida alcoólica. Só no Brasil são 250 mil vítimas por ano. E o álcool é terceira maior causa de morte; só perde para a doenças cardiovasculares e o câncer”.

A idade de experimentação e de início do uso do álcool, de acordo com a pesquisa, ocorre predominantemente entre 11 e 15 anos (37,3%), seguido por jovens entre 15 e 18 anos (23,2%); e 30.8% já tiveram algum episódio de embriaguez. Os jovens destacam como principais motivadores a curiosidade (43,7%), vontade de descontrair (9,8%) e influência de amigos (5,6%).

Para o especialista, a maior influência para o consumo de álcool vem da família. “É o pai, principalmente, quem leva essa droga para dentro de casa. As festas familiares, normalmente são regadas a álcool, as pessoas bebem, ficam alegres e a criança observa tudo e quer experimentar essa sensação de felicidade. Mas não mostram as consequências, muito delas irreparáveis, do consumo do álcool. Todo alcoolista depois dos 50 anos vira diabético”, exemplifica.

Entre as bebidas mais consumidas pelos pesquisados aparecem os destilados (vodca, rum, tequila etc), apontado por 33,3%, e na sequência vem a cerveja (13,6%) e vinho (11,3%). A frequência com que bebem varia muito, mas a maioria (36,9%) diz consumir álcool quando sai com os amigos. Embora minoria (12%) há também os que admitem já ter consumido bebida alcoólica na escola. Chama a atenção também o índice de jovens que disseram ter alguém na família com problema de álcool (52,7%), o que causa preocupação em 42% dos entrevistados.

Ainda sobre o comportamento da família, 42,9% dos jovens disseram que seus pais sabem que eles consomem álcool, mesmo assim 33,6% afirmam que apesar de não gostarem, eles não proíbem. Isso acontece, segundo Robertinho, porque há no Brasil uma cultura alcoolista. “É preciso criar uma geração longe da bebida alcóolica”, diz
ele e aponta algumas ações necessárias para minimizar o problema: campanhas de prevenção; controle na produção, venda e consumo da droga; e proibição de propaganda de bebida. “É uma luta contra a corrente”.



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