Lúpus, doença autoimune com sérias complicações para o organismo

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 29 de novembro de 2017 às 02:55
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:27
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Dentre as mais de 80 doenças dessa tipo, ela é a mais importante e afeta vários órgãos do corpo humano

​O lúpus eritematoso sistêmico (LES), conhecido popularmente apenas como lúpus, é uma doença autoimune que pode afetar principalmente pele, articulações, rins, cérebro mas também todos os demais órgãos.

Doenças autoimunes ocorrem quando o sistema imunológico ataca tecidos saudáveis do corpo por engano. Dentre mais de 80 doenças autoimunes conhecidas, o lúpus é uma das mais importantes.

Existem três tipos de lúpus:

Lúpus discoide –  a inflamação é sempre limitada à pele. Este tipo pode ser identificado a partir do surgimento de lesões cutâneas avermelhadas que costumam aparecer no rosto, na nuca ou também no couro cabeludo.

Lúpus sistêmico – a inflamação ocorre no organismo, comprometendo vários órgãos ou sistemas do corpo não sendo restrito a pele. Algumas pessoas com lúpus discoide podem evoluir para a forma sistêmica. Os sintomas causados por este tipo da doença dependem do local da inflamação como rins, coração, pulmões e até ao sangue, além das lesões cutâneas e às articulações.

Lúpus induzido por drogas – algumas drogas ou medicamentos podem provocar uma inflamação temporária enquanto do seu uso e provocar sintomas que são muito parecidos com os do lúpus sistêmico. As manifestações desaparecem com o parar do uso.

O lúpus ocorre quando o sistema imunológico ataca e destrói alguns tecidos saudáveis do corpo. Não se sabe exatamente o causa esse comportamento anormal, mas pesquisas indicam que a doença seja resultado de uma combinação de fatores, como genética e meio ambiente.

Esses mesmos estudos mostram que pessoas com pré-disposição ao lúpus podem desenvolver a doença ao entrar em contato com algum elemento do meio ambiente capaz de estimular o sistema imunológico a agir de forma errada. O que a ciência ainda não sabe é quais são todos esses componentes. Os pesquisadores, no entanto, têm alguns palpites:

– Luz solar: a exposição à luz do sol pode iniciar ou agravar uma inflamação préexistente a desenvolver lúpus

– Medicamentos: lúpus também pode estar relacionado ao uso de determinados antibióticos, medicamentos usados para controlar convulsões e também para pressão alta. Pessoas com sintomas parecidos com os do lúpus geralmente param de apresentar quando interrompem o uso.

Fatores de risco

– Sexo biológico: a doença é mais comum em mulheres do que em homens

– Idade: a maior parte dos diagnósticos acontece entre os 15 e os 40 anos, apesar de poder surgir em todas as idades

– Etnia: lúpus é mais comum em pessoas afro-americanas, hispânicas e asiáticas.

Sintomas 

Os sintomas do lúpus podem surgir de repente ou se desenvolver lentamente. Eles também podem ser moderados ou graves, temporários ou permanentes. A maioria dos pacientes com lúpus apresenta sintomas moderados, que surgem esporadicamente, em crises, nas quais os sintomas se agravam por um tempo e depois desaparecem.

Os sintomas podem também variar de acordo com as partes do seu corpo que forem afetadas pelo lúpus. Os sinais mais comuns são:

– Fadiga

– Febre

– Dor nas articulações

– Rigidez muscular e inchaços

– Rash cutâneo – vermelhidão na face em forma de “borboleta” sobre as bochechas e a ponta do nariz. Afeta cerca de metade das pessoas com lúpus. O rash piora com a luz do sol e também pode ser generalizado

– Lesões na pele que surgem ou pioram quando expostas ao sol

– Dificuldade para respirar

– Dor no peito ao inspirar profundamente

– Sensibilidade à luz do sol

– Dor de cabeça,confusão mental e perda de memória

– Linfonodos aumentados

– Queda de cabelo

– Feridas na boca

– Desconforto geral, ansiedade, mal-estar.

Outros sintomas de lúpus que dependem de qual é a parte do corpo afetada:

– Cérebro e sistema nervoso: cefaleia, dormência, formigamento, convulsões, problemas de visão, alterações de personalidade

– Trato digestivo: dor abdominal, náuseas e vômito

– Coração: ritmo cardíaco anormal (arritmia)

– Pulmão: tosse com sangue e dificuldade para respirar

– Pele: coloração irregular da pele, dedos que mudam de cor com o frio (fenômeno de Raynaud).

Alguns pacientes têm apenas sintomas de pele. Esse tipo é chamado de lúpus discoide.

Tratamento de Lúpus

Existe tratamento mas não há cura definitiva para o lúpus, assim como outas doenças como diabetes e pressão alta. O principal objetivo do tratamento é controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida das pessoas com a doença.

A doença branda pode ser tratada com:

– Antiinflamatórios não esteroides para artrite e pleurisia

– Protetor solar para as lesões de pele

– Corticoide tópico para pequenas lesões cutâneas

– Uma droga antimalárica (hidroxicloroquina) e corticoides de baixa dosagem para os sintomas de pele e artrite.

Sintomas graves ou que acarretem risco de morte (como a anemia hemolítica, amplo envolvimento cardíaco ou pulmonar, doença renal ou envolvimento do sistema nervoso central) frequentemente necessitam de um tratamento mais agressivo com especialistas.

O tratamento para lúpus mais grave inclui:

Alta dosagem de corticoides ou medicamentos para diminuir a resposta do sistema imunológico do corpo (imunossupressores)

– Drogas citotóxicas (drogas que bloqueiam o crescimento celular) quando não houver melhora com corticoides ou quando os sintomas piorarem depois de interromper o uso. Esses medicamentos têm efeitos colaterais graves, por isso o médico deverá monitorar o uso com muita frequência.

Complicações possíveis

Se não tratado corretamente, o lúpus pode causar complicações graves a diversos órgãos importantes do corpo como:

– Rins

A falência dos rins está entre as principais causas de morte por complicações de lúpus. Irritação, coceira generalizada, dores no peito, náuseas, vômito e edemas estão entre os sintomas de que o lúpus chegou aos rins.

– Cérebro

Você pode apresentar alguns sintomas específicos se o cérebro tiver sido afetado, como dor de cabeça, confusão, tontura, mudanças de comportamento, alucinações, derrames cerebrais (AVC) e convulsões.

– Vasos sanguíneos

Anemia, aumento no risco de sangramentos e inflamação dos vasos (vasculite) estão entre as principais complicações possíveis decorrentes de lúpus.

– Pulmões

Lúpus também pode levar à pleurisia, que pode causar dor durante a respiração.

– Coração

Pode ocorrer também a inflamação dos músculos do coração e artérias e pericardite. As chances de ter um ataque cardíaco e outras doenças cardiovasculares também aumentam significativamente.

Ter lúpus também pode acarretar em outros problemas, como:

– Infecção: as chances de uma pessoa com lúpus desenvolver algum tipo de infecção aumentam muito, pois tanto a doença quanto o tratamento comprometem o sistema imunológico. As infecções mais comuns são no trato urinário e respiratório, por fungos, salmonela e herpes.

– Câncer: o surgimento de tumores e de agravamento ao câncer também é uma das possíveis complicações do lúpus.

– Necrose avascular: ocorre a morte das células que revestem os ossos, causando pequenas fraturas e o rompimento de muitas articulações, em especial as do quadril.

– Complicações na gravidez: as mulheres que sofrem de lúpus e engravidam geralmente são capazes de manter a gravidez e dar à luz um bebê saudável, desde que não sofram de doença renal ou cardíaca grave e que o lúpus esteja sendo tratado adequadamente. Entretanto, a presença de anticorpos de lúpus pode aumentar o risco de perda na gravidez.


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