Lojistas de Franca criticam obra antienchente após temporal de 4ª feira, 20

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 21 de fevereiro de 2019 às 22:05
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:24
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Engenheiro da Prefeitura diz que existe novos projetos de melhoria, mas faltam verbas

Comerciantes das avenidas
Doutor Hélio Palermo e Doutor Alonso y Alonso, em Franca, passaram toda a
quinta-feira, 21 de fevereiro, limpando os estabelecimentos e contabilizando os
prejuízos deixados pelo temporal e pela enchente que atingiu a cidade na última
quarta-feira, 20. A maioria dos lojistas reclama que, apesar das obras de
alargamento e aprofundamento dos canais, os córregos dos Bagres e Cubatão
continuam transbordando sempre que o volume de chuva é maior.

Na quarta-feira, o índice
pluviométrico chegou a 60 milímetros, segundo o Instituto Nacional de
Meteorologia (Inmet). “A água vem de cima e os bueiros não dão vazão. A água
sobe, bate na lateral da ponte, faz uma onda e entra nos estabelecimentos. O
problema são as pontes muito baixas. Fizeram o alargamento, mas não mexeram nas
pontes”, reclama o mecânico Antônio Carlos.

Engenheiro da Secretaria de
Planejamento Urbano, Marcos Vinícius Mathias defende que já existem estudos
para novas obras que consigam conter os alagamentos próximos aos córregos, mas
ainda não há verba para que os projetos sejam colocados em prática. “Essa
última chuva foi um caso excepcional. Geralmente, os córregos conseguem
absorver essa quantidade de água. Algumas vezes, em alguns pontos que estão
estrangulados, essa água chega a extravasar. O que aconteceu foi fora do
normal”, alega.

Prejuízos

A comerciante Leila Lemos Soares estima em R$ 2 mil o prejuízo com a
inundação. A água atingiu vestidos longos, sapatos e tapetes. Nos fundos da
loja, onde estão os provadores, o nível da água chegou a 20 centímetros de
altura. “Sempre quando chove isso acontece, mas, dessa vez, foi muito rápido
mesmo, coisa de segundos. É a primeira vez que inundou no fundo da loja. Um
carro bateu no vaso na calçada, quase entrou na minha loja. Faz tempo que estão
para tomar providência”, conta.

Um ateliê de alta costura às margens de um dos córregos também foi
afetado: sofás, tapetes e o piso de madeira ficaram danificados.

Os funcionários passaram o dia limpando o local e o atendimento só deve
ser retomado nesta sexta-feira, 22. “Foi
questão de segundos, não deu tempo de tirar nada. Tapete acabou ensopando, os
sofás e os rodapés de madeira ficaram danificados, fora a sujeira. Ninguém
trabalha, só por conta de limpeza. É a primeira vez que aconteceu isso”, conta
a auxiliar de costura Carolina Ramos.

Para o comerciante Rodrigo
Luis Borges, que há 13 anos tem uma loja de peças para motos na avenida, a
enchente é provocada pelo estreitamento das pontes nos córregos. Rodrigo perdeu
computadores e produtos, e teme que outro temporal provoque uma nova inundação.
“A água passa por cima da ponte e alaga todo o nosso pedaço. A ponte é baixa. O
certo, na época, era ter removido a ponte e ter feito mais larga, junto com o
córrego, porque ele foi alongado. A água chega com muita pressão e os
comerciantes é que sofrem”, afirma.

Limpeza

Na Uni-Facef, invadida pela enxurrada, alunos, professores e
funcionários passaram o dia tentando recuperar o que foi atingido pela água.
Salas de aula e a biblioteca ficaram inundados. Livros e documentos foram
danificados. “Por ser a minha universidade, vou me formar esse ano, não é só um
favor, mas uma obrigação poder ajudar a universidade a voltar ao estado normal
dela”, diz o estudante de engenharia de produção José Flávio Andrade Del
Bianco.

As aulas foram retomadas, mas
algumas atividades foram transferidas da unidade 1, na Avenida Major Nicácio,
que foi mais afetada pela enchente, para a unidade 2, na Avenida Ismael Alonso
y Alonso. Algumas salas continuam interditadas. “A faculdade tem alguns
dispositivos para conter esse tipo de ocorrência, mas eles não deram conta,
porque a água transbordava por cima do vitrô, voltava pelos ralos, o que nunca
tinha acontecido na história da faculdade”, diz o reitor, José Alfredo de Pádua
Guerra.

Diante do prejuízo, os
próprios universitários se mobilizaram para ajudar na limpeza do Uni-Facef. O
trabalho foi realizado sob a supervisão de um engenheiro da instituição e com
apoio de equipes da Secretaria Municipal de Obras. “Agora, é hora de tirar o
grosso para começar a avaliar os prejuízos. A gente está fazendo avaliações a
cada momento. Algumas partes vão ficar ainda fechadas, principalmente a
biblioteca, que foi bem atingida”, afirma Guerra.

O engenheiro civil Guilherme
Fernandes Clemente explica que as inundações são causadas pelo mau
dimensionamento dos canais e também pelo crescimento urbano, que torna o solo
cada vez menos impermeável. “Emergencialmente, não tem como fazer nada. É uma
obra grande, é necessário fazer um estudo sobre o desenho do canal e, se for
necessário, alargar, mudar o trajeto, se for possível. Por hora, não há outra
alternativa”, afirma.

Além das duas jovens feridas
em um acidente de moto, a tempestade também deixou uma família desabrigada no
bairro Jardim Palma.

As vítimas foram atendidas
pela Secretaria Municipal de Ação Social, segundo informações da Prefeitura.

O muro
de uma creche também desabou sobre dois carros que ficaram destruídos. O
pedreiro Fabiano Rodrigues contou que deixou o veículo a 50 metros do local,
para trabalhar em uma obra na Rua José do Patrocínio, mas o carro foi arrastado
pela água.

Quatro
creches foram inundadas e as aulas ficaram suspensas: Osiep, na Vila Isabel,
Lar de Ismália, no Jardim Paulistano, Verde e Água, no Parque Santa Hilda, e
Nossa Senhora das Graças, no Jardim Brasilândia.


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