Internet ainda não alcança totalmente atendimento na área de saúde pública

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 21 de novembro de 2017 às 12:43
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:27
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Levantamento apresentado este mês mostra que informatização ainda não é realidade nas UBSs do país

Desde 2014, os estabelecimentos públicos de saúde apresentam uma certa estabilidade no uso de computadores e acesso à internet, segundo dados do levantamento anual realizado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic).

O resultado do levantamento diz respeito ao ano de 2016 e foi apresentado durante o 8° Congresso Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde, que aconteceu no último dia 15 de novembro na cidade de Gramado, Rio Grande do Sul.

Enquanto o uso de computador e o acesso à Internet são universais entre os estabelecimentos privados (100%), esta ainda não é uma realidade entre os estabelecimentos públicos: 87% dos estabelecimentos públicos afirmaram utilizar o computador e 76% acessaram a Internet. Entre as Unidades Básicas de Saúde (UBS), que representam a maioria dos casos dos estabelecimentos que não usaram computador ou a Internet, a pesquisa estima que 5.779 UBS não usaram computadores e 11.107 não acessaram a Internet, nos 12 meses que antecederam a pesquisa.

Ainda no que diz respeito à infraestrutura, as velocidades de conexão mais utilizadas pelos estabelecimentos de saúde variavam em 2016 entre 1 Mbps a 10 Mbps (35%). A série histórica revela o crescimento do uso das conexões mais velozes e redução das conexões menos velozes, especialmente entre aquelas de até 250 Kbps. A pesquisa também observou que apenas 19% dos estabelecimentos de saúde brasileiros possuíam área, setor ou departamento de TI, com destaque para aqueles com internação e mais de 50 leitos (71%).

Em 2016, apenas 23% dos estabelecimentos de saúde que utilizaram a Internet possuíam um documento que definia a política de segurança dos dados, proporção estável em relação a 2015. A presença desse tipo de documento foi mais frequente entre os estabelecimentos com mais de 50 leitos (50%) e os localizados em capitais (33%). Isso mostra que as questões relacionadas à segurança das informações devem ser melhor tratadas por esses estabelecimentos, já que lidam com dados pessoais dos pacientes.

Em 2016, 74% dos estabelecimentos de saúde possuíam sistema eletrônico para armazenar informações dos pacientes, contudo apenas 12% armazenavam as informações do prontuário do paciente exclusivamente em formato eletrônico. A maior parte deles (63%) registrou informações parcialmente em papel e parcialmente em formato eletrônico e 24% utilizaram exclusivamente o papel.

A pesquisa aponta que aproximadamente metade dos estabelecimentos de saúde estava presente na Internet por meio de websites ou redes sociais. Apenas uma pequena proporção deles, no entanto, ofereceu algum tipo de serviço pela Internet: 18% disponibilizaram agendamento de consultas; 19% ofereceram agendamento de exames; 23% ofereceram visualização de resultado de exames, e 7% ofereceram visualização do prontuário do paciente.

Esse levantamento também evidencia a visão positiva que médicos e enfermeiros possuem sobre o impacto da implantação de sistemas eletrônicos nos estabelecimentos, não somente para a organização do trabalho como também para a assistência em saúde prestada ao paciente. Para esses profissionais, a implantação de sistemas eletrônicos melhorou a eficiência dos trabalhos de equipe (87% dos médicos e 90% dos enfermeiros) e dos atendimentos (83% dos médicos e 86% dos enfermeiros); reduziu o número de exames duplicados ou desnecessários (82% dos médicos e 79% dos enfermeiros); e melhorou a qualidade do tratamento como um todo (75% dos médicos e 87% dos enfermeiros).


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