Gangorra calçadista: exportações caem e importações sobem

  • Joao Batista Freitas
  • Publicado em 13 de outubro de 2020 às 12:12
  • Modificado em 13 de outubro de 2020 às 12:12
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As exportações e importações de calçados estão em momentos bastante distintos, revela Abicalçados

Existe um risco de as importações estarem, gradativamente, ocupando o espaço dos calçados brasileiros nas prateleiras

Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam que as exportações e importações de calçados estão em momentos bastante distintos. 

Conforme o levantamento, em setembro foram embarcados 8,1 milhões de pares, 19% menos do que em setembro do ano passado. 

Já as importações do mês nove chegaram a 2,9 milhões de pares, 10,5% mais do que no mesmo mês de 2019. 

Com os resultados, as exportações acumuladas entre janeiro e setembro somaram 64,5 milhões de pares por US$ 490 milhões, quedas de 24,4% em volume e de 33,2% em receita ante período correspondente do ano passado, ao passo que as importações acumuladas chegaram a 19,15 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 237,75 milhões, quedas de 13,8% e 17,7%, respectivamente, na relação com o mesmo ínterim do ano passado.

O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca que a balança comercial brasileira de calçados já caiu 32% entre janeiro e setembro, em dólares. “Existe um risco de as importações estarem, gradativamente, ocupando o espaço dos calçados brasileiros nas prateleiras”, alerta. 

Especificamente sobre a queda nas exportações, Ferreira avalia que a pandemia do novo coronavírus, embora com menor força, segue afetando os embarques, especialmente para os Estados Unidos. 

Outro fator que segue influenciando negativamente a performance é a crise da Argentina, que vem restringindo as importações de calçados por meio das licenças não-automáticas como forma de reter suas parcas reservas cambiais. 

“É um problema recorrente e que se agrava conforme a crise do país vizinho avança”, lamenta o dirigente, ressaltando que a Argentina é o segundo destino do calçado brasileiro no exterior. Empresas já reportaram à Abicalçados mais de 350 mil pares de calçados brasileiros retidos por mais de dois meses em função do atraso na liberação das licenças de importação. 

Destinos

Entre janeiro e setembro, o principal destino do calçado brasileiro no exterior, os Estados Unidos, importaram 6,6 milhões de pares de calçados por US$ 154,1 milhões, quedas de 27,3% e 30%, respectivamente, ante o mesmo período de 2019. 

Já o segundo destino do produto verde-amarelo foi a Argentina, para onde foram embarcados 5,13 milhões de pares, que geraram US$ 51,35 milhões, quedas de 30% e 34,8%. Único destino com resultado positivo, em receita, entre os principais importadores do calçado brasileiro, a França apareceu no terceiro posto. 

No período, os franceses importaram 5,17 milhões de pares por US$ 43,3 milhões, queda de 8% em volume e incremento de 0,5% em receita ante o mesmo ínterim do ano passado. 


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