Francanos revelam como é viver sem o acesso ao aplicativo WhatsApp

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  • Publicado em 17 de dezembro de 2015 às 11:18
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 17:33
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Bloqueio por 48h do aplicativo irrita e frustra desde adolescentes a pessoas que dependem dele para o trabalho

Na mesma hora em que os principais jornais do país – assim como o Jornal da Franca foi o primeiro da região a divulgar a decisão judicial – noticiaram o bloqueio do WhatsApp no Brasil por 48h, a internet foi à loucura. Milhares de pessoas usaram as redes sociais para reclamar e fazer piada com a decisão, e o assunto chegou ao topo dos mais comentados.

Veja matéria completa publicada ontem pelo Jornal da Franca sobre a decisão judicial que bloqueia o WhatsApp por 48h

Em Franca, o aplicativo saiu do ar à meia-noite de quarta-feira, 16, deixando uma legião de viciados digitais órfãos e desesperados. É o caso do vendedor Willian de Souza, 23 anos, que admite não conseguir mais viver sem o aplicativo. “Converso com a família e os amigos pelo WhatsApp. Dificilmente ligo para alguém. Ficar sem ele, é como se estivesse faltando um pedaço”, admite. Para tentar burlar o bloqueio, Willian já aderiu a sugestões de amigos e baixou o aplicativo VPN que altera o número do IP e permite o funcionamento do WhatsApp normalmente. O problema é que nem todos de sua lista seguiram o mesmo caminho. “Mesmo assim, só o fato de estar online, comunicável, já me deixa aliviado”, diz.

Willian admite não conseguir viver mais sem o WhatsApp, por isso já procurou alternativa para ter o aplicativo funcionando até sábado (Foto: Arquivo Pessoal)

Conheça as alternativas ao WhatsApp publicadas ontem pelo Jornal da Franca

Mas há ainda quem dependa dele para o trabalho. É o caso da promotora de eventos Elisângela Santos. À frente do Réveillon Sensation, ela depende dessa ferramenta para atender interessados de todas as partes do país, inclusive fornecedores. “Estamos a 14 dias do Réveillon Sensation, o maior da cidade, e o dia todo as pessoas de fora entram em contato comigo para tirar dúvidas e fazer reservas, inclusive gente de outros estados. Sem este aplicativo, as pessoas têm que ligar e custa mais caro. Além do custo, tem a questão de deixar registrada a negociação. Tem ainda a questão do contato com a equipe de vendedores, grupo de sócios, e para ficar ligando, prejudica a todos, porque pelo WhatsApp dá para falar com várias pessoas ao mesmo tempo”, comenta.

Elisângela diz que seu filho Vinícius até brincou com ela falando que achava que ela estava no hospital. “Perguntei o porquê e ele disse: ‘porque não tem whats. Mas eu sei que você está bem porque está on-line”, conta rindo. “Fico ligada 24h, meu trabalho gira em torno disso. Então ter que ficar até sábado sem essa ferramenta com certeza vai me prejudicar”, completa a promotora de eventos.

A 14 dias da realização do Réveillon Sensation, Elisângela Santos sofre com o bloqueio do WhatsApp e teme prejuízos no trabalho (Foto: Arquivo Pessoal)

A DEPENDÊNCIA

É inegável o sucesso e a popularidade de aplicativos  como o Whatsapp, que é um fenômeno em todo mundo e em todas as gerações. Inegável também é o impacto que o uso excessivo desses recursos tem trazido prejuízos a muitas pessoas e suas relações interpessoais, muito embora as pessoas estejam atentas apenas aos benefícios e vantagens do momento e não enxergando o que pode acontecer depois.

Para a psicóloga Larissa Duarte, a dependência de aplicativos como o WhatsApp, redes sociais e da internet pode ser comparada com a dependência química. “Algumas pessoas relatam que se sentem confusas, isoladas e desconfortáveis quando têm o acesso ao uso de eletrônicos restringido. Em alguns casos, o índice de estresse aumenta pelo simples fato de não poder tocar nos aparelhos. Alterações no humor, comportamento depressivo e reações impulsivas, quando se restringem o uso de aparelhos eletrônicos ou o acesso à internet, são os principais sinais de que a pessoa está usando essas tecnologias de forma excessiva.”.

Mas Larissa esclarece que o uso da internet só é considerado dependência quando a pessoa deixa de realizar suas tarefas profissionais ou de lazer e opta por ter relacionamentos somente no ambiente online, ou seja, quando a pessoa perde a autonomia sobre sua vida e vive em função da conexão. “Não é mais a tecnologia que está a serviço do sujeito, é o sujeito que vive em função da tecnologia”, ressalta a psicóloga, acrescentando que o tema é uma preocupação atual: “Já existe tratamento para a dependência da tecnologia. Muitas universidades e hospitais universitários possuem programas específicos que oferecem ajuda e tratamento para adolescentes e adultos”.


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