Franca lidera ranking brasileiro de saneamento pelo 5º ano seguido

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 11 de maio de 2018 às 06:11
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:43
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Levantamento de 2018 do Instituto Trata Brasil mostra 100% de tratamento

P​elo quinto ano consecutivo, Franca obteve a melhor avaliação do país em saneamento básico no ranking do Instituto Trata Brasil. Com 100% da água e esgoto tratado, desde 2014 a cidade figura como a primeira no levantamento entre os cem municípios brasileiros com mais de 200 mil habitantes.

Baseados em registros do Ministério das Cidades, os dados são referentes a 2016 e renderam ao município paulista a nota 9,69 no ranking de 2018, à frente de cidades como Cascavel (PR), Uberlândia (MG) e Vitória da Conquista (BA). Em 2013, última vez em que não liderou, o município ficou na sexta colocação.

Principal cidade da região, Ribeirão Preto ficou na 21ª colocação, uma posição à frente em relação ao levantamento divulgado no ano passado.

A abrangência do tratamento coloca Franca bem acima da média do Brasil, onde ainda 55% do esgoto produzido é jogado diretamente na natureza e 83,3% da população tem acesso a água tratada.

No outro lado da lista, municípios como Porto Velho (RO) e Ananindeua (PA) provêm até 33% de água tratada aos seus moradores e tratam menos de 4% de seus dejetos.

Franca lidera a lista pelo quinto ano consecutivo

De acordo com o economista Pedro Scazufca, um dos pesquisadores responsáveis pelo ranking do instituto Trata Brasil, Franca tem se mantido na liderança por conseguir um atendimento de água abrangente – de 99,9% contando todo o território, incluindo a zona rural e 100% se considerada somente a zona urbana -, além de índices elevados de coleta de esgoto – 99,6% – e de tratamento de resíduos – 98,03%.

Além disso, apresenta uma margem de perdas na rede de abastecimento de 12,73%, abaixo dos 37% em termos de Brasil. 

O economista reconhece, por outro lado, que o diagnóstico obtido em localidades como essa não reflete a realidade brasileira, sobretudo em função de problemas no tratamento de esgoto. Dos 20 piores municípios do ranking Trata Brasil, a maioria se concentra na região Norte do país.

Pior cidade da lista, Porto Velho tinha índices de coleta e tratamento de esgoto respectivamente de 3,3% e 1,5%. “Em alguns casos você até tem indicadores melhores em água, mas na parte de esgotamento sanitário como regra geral ainda é muito atrasado.”

Investimentos

O desempenho de destaque do saneamento de Franca também está associado aos investimentos feitos pelo município.

Segundo o ranking, 54% da arrecadação referente ao serviço foi dedicado a melhorias no sistema, valor que perde apenas para alguns municípios menos eficientes no saneamento como Santarém (PA) e Palmas (TO).

Nos últimos cinco anos isso representou um montante de R$ 280 milhões aplicados, segundo o superintendente regional da Unidade de negócios Pardo e Grande, em Franca, Gilberto Santos de Mendonça.

Tratamento de esgoto em Franca (SP) (Foto: Reprodução/EPTV/Arquivo)

“Planejamento em longo prazo, investimento permanente e gestão eficiente, eficaz, ética. Esses são os três pontos que foram estratégicos de Franca”, afirma.

Desse total, R$ 165 milhões estão sendo investidos para a abertura de um novo sistema de água, complementar aos dois já existentes na cidade, que utiliza água dos rios Canoas e Pouso Alegre.

“Ano que vem, quando inaugurar o novo sistema, vou captar água do Sapucaí-Mirim e vou ter uma nova estação de tratamento. Esses sistemas serão integrados, de tal forma que se tiver algum problema em um o outro abastece”, diz.

Os investimentos feitos em saneamento básico, em contrapartida, também representam economia em gastos com saúde, segundo o pesquisador do Trata Brasil.

Em levantamento divulgado no ano passado, quando também liderava a lista, Franca havia registrado em cinco anos 460 internações por diarreia, 79 vezes menor em comparação com Ananindeua (PA), por exemplo, município que até então figurava na pior posição, com 36.473 ocorrências da doença no mesmo período.

“Quando a gente faz uma comparação das 20 melhores e das 20 piores cidades o custo por habitante das 20 piores era três vezes maior em saúde, ou seja, as cidades que fizeram a lição de casa e levaram saneamento terão um benefício não para um ano, mas para a vida toda de ter um gasto menor com saúde”, analisa Scazufca.

Essa concepção de política pública, no entanto, não é compartilhada por todos, segundo o economista. “O dado mais geral que se usa no setor é um dado da Organização Mundial de Saúde de que pra cada real que você investe em saneamento você poupa quatro em saúde.”

(Com informações do G1)


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