Fórum Mundial de Produtores de Café se tornará uma organização

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 16 de abril de 2018 às 14:25
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:41
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Produtores de café estão preocupados com as consequências devastadoras dos atuais preços internacionais

O comitê executivo do
Fórum Mundial dos Produtores de Café (WCPF, sigla em inglês) se reuniu na
Cidade do México, entre 8 e 12 de abril de 2018, para analisar e debater
diversas questões relacionadas à sustentabilidade da cadeia de valor global do
café, especialmente o declínio constante na renda dos cafeicultores durante as
últimas três décadas, o que compromete sua sustentabilidade econômica.

As consequências devastadoras
dos preços atuais do produto para os produtores chamaram a atenção
especialmente.

Entre os temas debatidos estava a
necessidade de adotar sérias medidas para melhorar a renda dos produtores, por
meio do trabalho conjunto com o restante da cadeia produtiva em iniciativas
para ampliar o consumo, aumentar os preços do café, enfrentar as consequências
das mudanças climáticas e melhorar a produtividade nos países produtores.

Conforme acordado durante a última
reunião na Colômbia, em julho de 2017, o WCPF encomendou um estudo ao professor
Jeffrey Sachs, assessor especial do Secretário-Geral das Nações Unidas sobre os
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e diretor do Instituto da Terra
na Universidade de Columbia, sobre “Análise Econômica e Políticas para
Melhorar a Renda de Pequenos Produtores de Café”.

A estrutura inicial do estudo foi
apresentada por Sachs aos delegados da Organização Internacional do Café (OIC),
reunidos no México, e os resultados e conclusões parciais serão apresentados em
setembro de 2018 e março de 2019. O relatório final será apresentado no 2º
Fórum Mundial de Produtores de Café, em julho do ano que vem.

Os representantes do WCPF pedirão à
Organização Internacional do Café que desempenhe um papel fundamental na
implementação de algumas iniciativas, como a promoção do consumo nos países
produtores e nos mercados emergentes e a facilitação do diálogo entre todos os
atores da cadeia café.

Concordou-se iniciar um processo para
formalizar a estrutura do WCPF como uma organização sem fins lucrativos, a qual
abordará e conscientizará a respeito dos desafios da cadeia de valor do café,
principalmente aqueles relacionados às situações econômica e social dos
produtores, e buscará mecanismos para melhorar sua situação socioeconômica. “Precisamos
ter certeza de que a produção de café é sustentável e lucrativa, enquanto
asseguramos que exista uma forte demanda global por nosso produto. As ações
coordenadas entre produtores, associações de produtores, a indústria do café e
a OIC para aumentar o consumo nos mercados emergentes e nos países produtores
são cruciais”, disse Silas Brasileiro, presidente do Conselho Nacional do
Café (CNC) do Brasil.

Ishak Lukenge, membro do Conselho da
Associação Africana de Café Fino (AFCA), disse que “nos níveis atuais de
preço, o café não é economicamente sustentável para milhões de cafeicultores na
África e no mundo. Todos somos corresponsáveis para tornar a cadeia de valor do
café sustentável como um todo, mas também cada um dos elos que a compõem”.

Ric Rhinehardt, presidente da
Specialty Coffee Association (SCA), destacou que “os consumidores de hoje
são exigentes e demandam qualidade excelente, mas também a garantia de que seu
café é produzido de maneira sustentável”.

“É impossível ter uma cadeia de
valor de café sustentável com o primeiro elo extremamente fraco, os produtores,
que não têm uma renda que torne sua atividade lucrativa”, disse Roberto
Velez, presidente da Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia.

Segundo William Murray, CEO da
National Coffee Association (EUA), “com algumas estimativas de que o mundo
terá que dobrar a produção até 2050, a cadeia de valor do café deve garantir
que a produção seja sustentável para atender à demanda global futura”.


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