Filtro solares antiquados expõem consumidores a risco de câncer de pele

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 30 de maio de 2018 às 17:11
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:46
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Estudo realizada no fim de 2017 mostra que grande parte dos filtros solares não protegem de forma eficaz

O dermatologista Steve Wang trata
pacientes com câncer de pele todos os dias em um hospital Sloan Kettering em
Nova Jersey, por isso ele sabe bem que os filtros solares não dão conta do
recado.

Padrões de aprovação mais rigorosos
nos EUA paralisaram a inovação e limitaram as opções para se defender dos raios
ultravioleta nocivos do sol. Isso significa que os americanos não têm acesso
aos filtros mais eficazes, desenvolvidos por fabricantes de produtos químicos
como a Basf e por empresas de cosméticos como a L’Oréal, amplamente utilizados
há anos em protetores solares fora dos EUA, como no Brasil.

Ajuda do Congresso

O setor de protetores solares, avaliado em US$ 1,2
bilhão, pediu ajuda ao Congresso para abrir caminho para filtros solares
melhores. A legislação pendente para acelerar as aprovações se tornou ainda
mais urgente neste mês, quando os legisladores havaianos votaram pela proibição
de dois dos ingredientes mais utilizados nos EUA, porque esses químicos podem
prejudicar os recifes de corais. “Com o Havaí, estamos indo na direção errada”,
disse Michael Kaplan, presidente da Aliança de Pesquisa sobre Melanoma.
“Trata-se de um motivo real de preocupação, porque mais de 9.000 pessoas morrem
todos os anos por melanoma.”

Os filtros solares
protegem contra o tipo de raios ultravioleta que causam queimaduras solares,
conhecidos como UVB, mas a maioria não consegue bloquear UVA, disse Wang,
diretor de dermatologia do Memorial Sloan Kettering Basking Ridge. O UVA
penetra mais profundamente na pele e pode acelerar o envelhecimento e causar
alterações genéticas que provocam câncer.

Medicamento ou cosmético?

As fórmulas de muitos protetores solares contêm
filtros que oferecem uma proteção melhor contra os raios UVA, além de proteger
contra os raios UVB. E eles são menos oleosos, por isso são mais agradáveis de
usar, disse Parand Salmassinia, vice-presidente da empresa holandesa de
cosméticos DSM Personal Care.

O Dr. Wang, em um estudo realizado no ano passado,
concluiu que quase metade dos filtros solares dos EUA que ele testou não
oferecia proteção UVA suficiente para atender aos padrões da União Europeia. A
situação só vai melhorar quando o FDA aprovar os ingredientes modernos com
maior proteção, disse ele.

Uma em cada cinco
pessoas desenvolverá câncer de pele, incluindo 2,3 por cento dos americanos que
serão diagnosticados com melanoma, a forma mais letal da doença. A incidência
de melanoma dobrou desde 1985, segundo o Instituto Nacional do Câncer.

Nenhum filtro solar novo
foi aprovado nos EUA desde o final dos anos 1990, principalmente porque eles
são regulamentados como medicamentos de venda livre, que têm padrões mais
rigorosos do que os cosméticos. A União Europeia e a maioria dos outros países
tratam os protetores solares como cosméticos.


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