Ficar no celular é o principal motivo das brigas de casal na pandemia

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 6 de agosto de 2020 às 22:38
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 21:04
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Entre maio e junho, houve crescimento de 18,7% nos pedidos de separação oficial no Brasil

Uso excessivo do celular, divisão desigual das tarefas domésticas e excesso de críticas

Eis as principais causas de brigas entre casais durante a pandemia do novo coronavírus, segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto do Casal, organização especializada em educação em relacionamentos.

O levantamento ouviu pouco mais de 700 homens e mulheres hetero, homo e bissexuais com idades entre 18 e 51 anos. 

Ficar pendurado no smartphone foi o motivo campeão das rusgas, sendo citado por 33% dos voluntários. Em seguida, vieram os cuidados com a casa (32%) e o exagero nas críticas (31%).

Outros tópicos apontados com frequência: falta de romance (26%), ausência de diálogo (24%), excesso de tempo dedicado ao trabalho (23%) e problemas financeiros (20%). 

A soma das porcentagens ultrapassa 100% pois era possível selecionar mais de uma alternativa.

A pesquisa ainda investigou a frequência das desavenças, e descobriu que 30% dos entrevistados discutem ao menos uma vez por semana. 

Outros 20% afirmaram entrar em conflito mais de uma vez por semana, enquanto 10% passam por isso uma vez por dia ou mais.

A influência da pandemia​

O Instituto do Casal comparou as respostas com uma pesquisa similar, realizada por eles em 2018. 

Assim, foi possível perceber uma mudança no perfil das brigas, o que é esperado, já que o tempo de convivência exacerbou incômodos que, antes da quarentena, poderiam estar passando despercebidos.

O uso excessivo do celular, por exemplo, foi do terceiro para o primeiro lugar. Já a divisão de tarefas domésticas saiu do quinto para o segundo. 

A falta de diálogo, por outro lado, caiu da segunda para a sexta causa – afinal, o tempo para o bate-papo cresceu para os confinados, certo?

Em comunicado à imprensa, a psicóloga Denise Figueiredo, co-fundadora da instituição, explica que a situação exige negociações na rotina, feitas com muita conversa e acolhimento.

“A melhor coisa é escolher em que discussão vale entrar. Se o motivo for relevante, converse com o parceiro em uma boa hora e em primeira pessoa, dizendo ‘eu sinto’, ‘eu penso’, o que diminui a chance de o ouvinte criar resistências”, aconselha.

Divórcios e brigas aumentaram​

Se você está passando por um período mais turbulento no relacionamento, saiba que não está sozinho. 

Segundo um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os conflitos conjugais aumentaram 451% desde o início da crise causada pelo coronavírus.

No início da pandemia, devido às restrições de circulação e funcionamento de cartórios, o número de divórcios chegou a cair – assim como o de novos casamentos, vale dizer. 

Entre maio e junho, contudo, houve crescimento de 18,7% nos pedidos de separação oficial, de 4 471 solicitações para 5.306.

Nesse período, os divórcios consensuais e seus procedimentos correlatos, como partilha de bens e inventário, passaram a ser feitos online, por videoconferência. 

Em comparação com junho de 2019, a alta é de 1,9%, mas os especialistas esperam que haja um aumento mais significativo nos próximos meses.


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