Faturamento das micro e pequenas empresas tem maior queda em 17 anos

  • Entre linhas
  • Publicado em 18 de novembro de 2015 às 18:00
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 17:31
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Receita caiu 19,2% na comparação com setembro de 2014, segundo o Sebrae-SP em recente pesquisa

As micro e pequenas empresas (MPEs) do Estado de São Paulo registraram
queda de 19,2% no faturamento real (já descontada a inflação) em setembro na
comparação com o mesmo mês de 2014, segundo a pesquisa Indicadores Sebrae-SP.
Foi o maior porcentual de queda para um mês de setembro em relação a igual
período do ano anterior desde o início do levantamento da série, ou seja, há 17
anos.

A receita total das MPEs em setembro foi de R$ 48,1 bilhões, R$
11,5 bilhões abaixo da registrada em setembro de 2014. No acumulado de janeiro
a setembro, a redução no faturamento chega a 12,1% sobre o mesmo período de
2014. Ao comparar setembro deste
ano com setembro de 2014, fica claro que o recuo no faturamento atingiu todos
os setores: foi de 8,5% na indústria, de 18,5% no comércio e de 23,6% nos
serviços, este puxado para baixo pelo fraco desempenho dos segmentos de
serviços prestados às empresas e de transporte e armazenagem.  No caso da
indústria, a queda menos acentuada ante os outros setores se deve à base mais
fraca de comparação. Em setembro de 2014, a indústria havia apresentado redução
de 2,6% no faturamento sobre setembro de 2013 e em igual período, a receita
média das MPEs do Estado teve aumento de 6,9%. Apesar dos dados serem
estaduais, a situação se reflete em Franca também.

O recuo no faturamento atingiu todos os setores: foi de 8,5% na indústria e de 18,5% no comércio

A QUEDA

A queda no faturamento das MPEs está ligada ao nível mais fraco de
demanda na economia, à piora nas condições do mercado de trabalho, com mais
desemprego e redução na renda real dos trabalhadores. Esses fatores
contribuíram para a diminuição do consumo das famílias, enfraquecendo, também,
a procura das empresas por insumos e serviços de outras empresas.

Segundo especialistas do Sebrae-SP, a economia não tem dado sinais
de reação e a consequência é a piora nos resultados das empresas, ainda mais
nas micro e pequenas que são mais dependentes do mercado interno. Esse cenário
só vai melhorar se houver uma mudança de rumo e a retomada do
crescimento. 

EXPECTATIVAS

Para os próximos seis meses, 56% dos donos de MPEs paulistas
disseram, em outubro, esperar estabilidade no faturamento do negócio, o que
demonstra uma pequena queda ante outubro de 2014, quando 58% deles tinham essa
expectativa. Os que aguardam piora no faturamento são 12%; um ano antes, 7%
compartilhavam essa opinião. Os que acreditam em melhora são 23%; em outubro de
2014 a parcela de quem pensava assim era de 26%.

No que se refere ao nível de atividade da economia brasileira, os
próximos seis meses devem ser de estabilidade para 41% dos proprietários de
MPEs do Estado de São Paulo. Eram 50% em outubro de 2014. A piora é esperada
por 37% deles, bem mais do que os 16% de um ano antes. A economia deve melhorar
na visão de 14%; já em outubro de 2014, eram 19% os que acreditavam
nisso. 

Resultados dos Microempreendedores Individuais

Pela primeira vez, a pesquisa Indicadores Sebrae-SP divulgou
resultados para os Microempreendedores Individuais (MEIs) e a partir de agora
passa a apresentá-los mensalmente. A apuração mostra que o faturamento real dos
MEIs do Estado de São Paulo caiu 21,5% em setembro em relação ao mesmo mês de
2014. A receita total dos MEIs no período foi de R$ 2,3 bilhões, o que
representa R$ 639,5 milhões a menos do que um ano antes. A inflação já está
descontada desses números.

O setor com pior desempenho entre os MEIs foi o do comércio, cujo
faturamento em setembro deste ano sobre igual mês de 2014 foi 31,6% menor. A
indústria aparece em seguida com resultado 24,3% inferior na mesma comparação.
O setor de serviços teve queda menos acentuada na receita, de 9,6%.

Na análise por regiões, o faturamento dos MEIs do interior do
Estado apresentou diminuição de 31,4% em setembro ante o mesmo mês de 2014. Os
MEIs que atuam na Região Metropolitana de São Paulo apresentaram recuo de 12%
na receita, em igual período.

Segundo a legislação, MEI é quem trabalha por conta própria, ganha
até R$ 60 mil por ano, se formaliza como empresário, não tem participação em
outra empresa como sócio ou titular e exerce atividades incluídas na categoria,
como cabeleireiro, eletricista, jornaleiro, manicure, mecânico, pedreiro,
serralheiro, técnico de manutenção de computador, entre outros. No Estado de
São Paulo, existem hoje cerca de 1,4 milhão de MEIs.

Em relação ao futuro, os MEIs se mostraram um pouco mais otimistas
que os proprietários de MPEs. Em outubro, 48% disseram esperar aumento no
faturamento do negócio nos próximos seis meses. Apesar de ainda serem maioria
os que pensam assim, em outubro de 2014 esse grupo era um pouco maior e reunia
51% dos MEIs paulistas. A parcela dos que aguardam estabilidade praticamente
permaneceu a mesma: eram 37% em outubro de 2014 e agora são 36%. Os MEIs que
acreditam em piora são 12%, ante 9% em outubro do ano passado. 

As perspectivas dos MEIs sobre o comportamento da economia mostram
pessimismo em nível relativamente elevado. Para 43% dos MEIs, a situação vai
piorar nos próximos seis meses. Em outubro de 2014, 25% tinham essa opinião. Os
que aguardam estabilidade são 29%; eram 35% um ano antes. Na visão de 24%,
haverá melhora na economia ante 32% em outubro do ano passado.


+ Economia