Exposição dos filhos nas redes sociais é problema com sérias consequências

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  • Publicado em 20 de agosto de 2019 às 16:21
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:10
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Advogada fala sobre a importância de zelar pela privacidade dos filhos na internet

Qual
o limite para postar conteúdo dos filhos nas redes sociais? Fotos de recém
nascidos, vídeos engraçadinhos e até perfis oficiais de crianças – todos
criados pelos pais – têm pipocado na internet compartilhados ao público em
geral. Não há como definir uma quantidade ideal ou limite para o conteúdo, mas
a responsabilidade, e o dever, de delimitar o tamanho da exposição das crianças
é dos pais. E vale lembrar: a principal obrigação deles é zelar pela
privacidade. É o que afirma a advogada Silvia Felipe Marzagão, do escritório
Silvia Felipe e Eleonora Mattos Advogadas, especializado em Direito de Família
e Sucessões.

“O
mundo da internet é ‘terra sem lei’ é uma das frases mais repetidas por aí. De
fato, controlar o conteúdo da rede é complicado, mas há sim limites legais para
o que é publicado. E, em relação à proteção de crianças e adolescentes, a lei é
ainda mais clara: preservá-las deve ser a prioridades número um”, diz
Silvia.

Segundo
a especialista, não há motivos para proibir os posts e selfies. O problema é
sempre o excesso. “Há duas principais questões quando se trata de postar a
foto dos filhos. Uma é o direito dos pais, claro, de compartilhar sua vida,
afinal as redes sociais já fazem parte da rotina das pessoas, são formas de
socializar e sim, os filhos, como parte da vida daquela pessoa, podem aparecer
por ali”, analisa.

No
entanto, enfatiza a especialista, “as redes sociais tendem ao excesso, em
geral” e todo cuidado é pouco já que, depois de publicado, não se sabe
quem visualizará aquelas imagens.

“As
pessoas hoje vivem para postar, viajam para postar, tudo se compartilha. Mas as
crianças não têm controle sobre o que os pais vão publicar sobre elas, então, é
preciso lembrar sempre que elas são pessoas e, mais tarde, podem se sentir
expostas. Há casos antes mesmo do advento das redes, em propaganda de TV, que
muitos filhos não gostavam depois”, comenta ela.

A
situação do limite na exposição nas redes sociais se torna ainda mais
complicada se os pais forem separados. “Especialmente quando a comunicação
entre eles não é muito boa, em casos mais litigiosos, é preciso intervir
judicialmente se não houver acordo sobre os limites de cada pai”, comenta
Silvia.

Ela
afirma que é comum que advogados precisem pedir ao cônjuge para diminuir a
exposição dos pequenos. A estudante Gabriela Santos, de 30 anos, viveu caso
semelhante que, “por pouco”, não virou processo judicial.

“Tive
que pedir muitas vezes para o meu ex parar de publicar tantas fotos da nossa
filha nas redes sociais. Ele achava que era implicância minha, por conta do
divórcio. Até que minha própria filha pediu, aí ele entendeu que estava
passando dos limites”, conta.

Em
geral, Silvia afirma que as pessoas “nem percebem” que estão passando
do limite. “Não se deve economizar nos avisos na hora de preservar a
intimidade das crianças”, finaliza.